Homem de confiança do prefeito Eduardo Braide (PSD), Maurício Itapary foi escolhido para o comando da SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes), com a espinhosa missão de realizar a nova licitação do sistema de transporte público de São Luís, mesmo sem ter intimidade com a pasta – a exemplo de muitos gestores que ocupam cargos de chefia no Maranhão.
Geógrafo por formação, e pós-graduado em Patrimônio Arquitetônico, Maurício Itapary é funcionário de carreira do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1995, onde chegou a ocupar o cargo de superintendente regional. Antes de ser indicado para a SMTT, Itapary já tinha chefiado a subprefeitura do Centro e, mais recentemente, a Secult (Secretaria Municipal de Cultura).
Agora, o novo secretário da SMTT terá pela frente a difícil tarefa de reestruturar o problemático sistema de transporte público da capital, que chegou a ser alvo de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara de Vereadores em 2021. E mais: terá que garantir o fim do imbróglio entre trabalhadores e empresários do setor para evitar novas greves.
Desde que assumiu a prefeitura de São Luís, em 2021, Braide já teve que lidar com cinco paralisações de rodoviários – uma para cada ano de mandato. A mais recente, em fevereiro de 2025, foi especialmente prejudicial à imagem do prefeito – o que motivou o chefe do executivo municipal a encaminhar à Câmara um projeto de lei autorizando a abertura de um novo processo de licitação para a substituição das empresas de ônibus que operam o sistema de transporte público da capital.
Com a responsabilidade de liderar esse processo, a única experiência de Maurício Itapary com algo similar ao campo de atuação da SMTT ocorreu entre dezembro de 2015 e abril de 2016, período em que ele ocupou o cargo de superintende regional do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Maranhão.
A breve passagem de Itapary pela autarquia foi duramente criticada à época pelos servidores do DNIT, que chegaram a divulgar uma nota de repúdio afirmando que “é incabível e merece o integral repúdio do corpo técnico do DNIT que a Superintendência do Maranhão seja a única a ser pilotada por uma pessoa alheia à engenharia rodoviária”. A nota dizia, ainda, que não se justificava “a nomeação de servidor público estranho aos quadros do DNIT, notadamente alguém que possui cargo de nível médio de PROGRAMADOR III, do INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL do Ministério da Cultura, com formação superior em áreas que não se comunicam com a gestão da Infraestrutura de Transportes”.
Maurício Itapary acabou exonerado quatro meses depois da nomeação, em meio à crise causada pela repercussão nacional dos atrasos nas obras de restauração da BR-135 e dos graves acidentes causados pela buraqueira da estrada.
Exonerado do DNIT em abril de 2016, mas muito bem relacionado, Maurício Itapary foi nomeado em junho daquele mesmo ano para a superintendência regional do IPHAN, de onde saiu apenas em 2023, já na gestão Eduardo Braide, para assumir a subprefeitura do Centro.
Procurado, Maurício Itapary não retornou os contatos e pedidos de entrevista da reportagem.
SMTT já teve seis trocas de comando na gestão Braide
Fonte inesgotável de dor de cabeça ao prefeito Eduardo Braide (PSD), a SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) já acumula seis trocas de titularidade em pouco mais de quatro anos, expondo a dificuldade do executivo em encontrar o nome ideal para o comando da pasta.
Os três primeiros titulares – Cláudio Ribeiro, Diego Baluz e Diego Rodrigues – caíram após greves de rodoviários. Nomeado em 11 de fevereiro de 2025, em meio às ameaças de nova greve dos rodoviários, que acabou sendo deflagrada no dia 17 de fevereiro, Rafael Kriek ficou apenas nove dias no cargo antes de pedir afastamento – alegando motivos pessoais.
No dia 20 de fevereiro, Daniel dos Santos Nascimento, adjunto da SMTT, assumiu a secretaria para evitar o vácuo de comando na pasta. Maurício Itapary foi nomeado no dia 10 de março.