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Dirigir com sono é tão perigoso quanto dirigir embriagado

De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, em 2019, no Brasil 42% dos acidentes foram provocados por motoristas sonolentos

Fonte: Médica Otorrinolaringologista (CRM 6824/RQE 1818) Doutora em Otorrinolaringologia Professora do Curso de Medicina UFMA- SLZ

A atenção, uma função neurológica cognitiva, nos permite escolher e nos concentrarmos em estímulos relevantes, ou seja, é a nossa capacidade de focar e manter o interesse em uma tarefa ou estímulo. Na tarefa de dirigir precisamos manter a concentração por um longo período de tempo, o que chamamos de atenção sustentada. O córtex frontal é a área cerebral responsável pelas funções cognitivas, como memória, atenção, coordenação motora e capacidade de tomar decisões, e esta área é restaurada a cada boa noite de sono.

De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, em 2019, no Brasil 42% dos acidentes foram provocados por motoristas sonolentos. O sono pode tornar os reflexos mais lentos, gerar cansaço excessivo diurno e impedir que o motorista tome decisões rápidas (como frear ou desviar de algum obstáculo) que podem impedir acidentes.

A principal razão por que tantos motoristas têm dificuldade em se manter alertas enquanto dirigem é a privação de sono, ou seja, não ter descansado o suficiente antes de pegar a direção. Quando isso acontece, o corpo fica em estado de alerta, provocando uma liberação de hormônios para repor as energias. Com os níveis mais elevados de agitação e inquietude, manter o foco em tarefas longas e complicadas torna-se um desafio ainda mais estressante. O impacto da privação de sono é maior em condutores homens do que em condutoras mulheres e alguns grupos são mais propensos a dirigir com sono e resultar em acidentes: motoristas jovens (menos de 25 anos e pouca experiência ao volante), trabalhadores de turno, motoristas profissionais de longas jornadaspessoas com distúrbios de sono (principalmente apneia obstrutiva do sono) e pessoas que viajam com frequência por diferentes fusos horários.

É de conhecimento corrente que não devemos dirigir embriagados e a falta de um descanso reparador é tão prejudicial ao organismo quanto o consumo de álcool. Uma das consequências é a percepção visual distorcida, bem como as falhas na memória, devido aos danos na comunicação entre os neurônios. Sabemos que após 17 horas sem dormir, a atenção de um indivíduo se iguala à de alguém que tomou 2 taças de vinho. Depois de 24 horas, equivale a 4 taças.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com 130 trabalhadores de meia-idade mostrou que dormir apenas 16 minutos a menos que o habitual já é o suficiente para uma interferência cognitiva, o que inclui a menor capacidade de atenção no dia seguinte, demonstrando a iminente necessidade de termos um sono reparador para estarmos conduzindo veículos de forma segura.

Em muitos casos de sonolência excessiva, os hábitos de higiene de sono costumam promover um descanso reparador. Entre estas orientações estão: horários regulares para dormir e acordar todos os dias; manter o ambiente escuro ou com luz indireta e baixa; ficar longe dos aparelhos eletrônicos antes de dormir; praticar exercício físico. Todas essas recomendações visando noites de sono tranquilo.

E você, quando estiver ao volante, preste atenção aos sinais de fadiga, tais como, dificuldade de manter a concentração ou os olhos abertos, começar a piscar ou não conseguir parar de bocejar, dificuldade para se manter na mesma faixa, perder uma entrada e não conseguir manter a velocidade constante. Diante destes alertas é melhor parar o veículo e procurar um lugar para descansar.

Está muito cansado? Não pegue no volante. Dirigir com sono é um perigo para você e para toda a sociedade

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