Como podemos entender hoje a epidemia de depressão, suicídio, automutilação e transtornos diversos? Essa pergunta ressoa entre os profissionais da área da saúde mental, pois, paradoxalmente, quanto mais a indústria farmacêutica avança no desenvolvimento de medicamentos e abordagens psicoterapêuticas, mais observamos um crescimento alarmante dessas condições. Um dos experimentos mais cruéis da história foi conduzido por Frederico II, no século XIII, onde recém-nascidos foram privados de toques e afeto. O resultado foi trágico: todas as crianças morreram. Anos depois, estudos com macacos rhesus mostraram que a falta de contato social gerava comportamentos anormais e graves distúrbios psicológicos. Esses experimentos evidenciam que o toque e o afeto não são apenas elementos culturais, mas necessidades fisiológicas essenciais para a saúde mental e o desenvolvimento humano.
Se olharmos para os dias atuais, podemos perceber que a ausência de afeto e contato físico está presente em diversas esferas da sociedade, especialmente entre os jovens. Muitos atravessam a adolescência sem a presença paterna, convivendo com cinco ou seis padrastos ao longo dos anos, em contextos frequentemente marcados por violência psicológica e abusos. A falta de um ambiente afetivo seguro resulta em insegurança emocional e propensão a transtornos como ansiedade e depressão. O mesmo se aplica a casais que, após anos de relacionamento, deixam de se tocar, beijar ou demonstrar carinho, criando uma atmosfera de frieza e distanciamento dentro de seus próprios lares.
Os idosos, outro grupo severamente afetado pelo isolamento, muitas vezes passam seus dias sozinhos, sem receber um abraço ou qualquer demonstração de afeto. A solidão imposta pelo afastamento da família, aliada à tecnologia que distancia mais do que aproxima, contribui para um quadro crescente de depressão e doenças neurodegenerativas. Estudos indicam que idosos que mantêm contato social e afetuoso apresentam menor incidência de Alzheimer e outras condições relacionadas à saúde mental. Isso reforça a ideia de que a interação humana é um pilar essencial para a longevidade e qualidade de vida.
Além disso, as mudanças sociais dos últimos anos têm promovido o isolamento dentro dos próprios lares. Muitas crianças já não pedem mais a bênção aos pais ou avós, e as refeições em família tornaram-se raras, sendo substituídas por momentos solitários diante das telas. Essa desestruturação das relações familiares enfraquece o vínculo afetivo e aumenta os riscos de desenvolvimento de transtornos psicológicos. A crescente valorização de animais de estimação como substitutos das interações humanas fortalece um individualismo que acentua ainda mais os casos de psicopatias e transtornos sociais.
Na Penumbroterapia Holística Epigenética, a Terapia Centrada no Ambiente (TCA) enfatiza a importância da terapia do toque como uma ferramenta fundamental para a saúde mental. O abraço, o carinho e a interação social são estruturados para reestabelecer os vínculos afetivos e promover bem-estar emocional. O resgate dessas práticas pode ser a chave para reverter a epidemia de doenças psíquicas que assola nossa sociedade. Afinal, a ciência já provou que o contato humano não é apenas um detalhe, mas uma necessidade vital para a sobrevivência e equilíbrio da mente humana.