Desde fevereiro deste ano, as usinas de etanol do Maranhão estão autorizadas a vender o combustível diretamente aos postos, sem a intermediação de distribuidoras. A medida, que visa reduzir custos e tornar o produto mais competitivo, também busca fortalecer a agroindústria local e fomentar o desenvolvimento econômico do estado.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e Pará (Sindicanálcool), Milton Campelo, a mudança representa um marco para o setor energético e agroindustrial maranhense. “A venda direta permite mais transparência na origem do etanol, reduz o tempo de abastecimento nos postos, diminui o impacto ambiental e incentiva a produção local”, afirma.
A nova política, no entanto, exige investimentos por parte dos postos de combustíveis, que em sua maioria ainda não estão preparados para comercializar etanol hidratado. Será necessário instalar bombas específicas para o biocombustível, além de adaptar a infraestrutura de armazenamento. “Quem não fizer essas adequações, vai ficar para trás”, alerta Campelo.
Atualmente, o Maranhão produz cerca de 200 milhões de litros de etanol por ano. Com a entrada em operação da usina Inpasa, em Balsas, ainda em 2024, a expectativa é que esse volume triplique, alcançando 600 milhões de litros. As principais usinas em operação no estado são: Alternativa (Tuntum), Itapecuru Bioenergia (Aldeias Altas), Maity Bioenergia (Campestre do Maranhão) e Agro Serra (São Raimundo das Mangabeiras).
A descentralização na venda também deve contribuir para a redução do chamado “frete morto” – o transporte desnecessário do etanol até centros de distribuição distantes antes de retornar aos postos próximos das usinas. Isso deve impactar positivamente nos preços ao consumidor final e na redução de emissões de carbono, alinhando-se às metas de sustentabilidade.
Campelo destaca ainda que o etanol tem papel importante na transição energética e na descarbonização da matriz de transportes. “Estamos falando de uma alternativa sustentável, que pode tornar o Maranhão autossuficiente na produção de etanol, superando o consumo interno”, projeta.
Além dos impactos econômicos diretos, a produção de etanol no estado também gera subprodutos com alto potencial para outras cadeias produtivas, como o DDG (Dried Distillers Grains), utilizado como ração animal. Essa integração com a pecuária pode melhorar a qualidade da carne e aumentar a produtividade de bovinos, suínos e aves.
Para que o potencial do setor se concretize, o setor produtivo cobra investimentos em infraestrutura logística, como rodovias e ferrovias, que facilitem o escoamento da produção e reduzam os custos operacionais.
O presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez das Neves, também comemorou a instalação da nova usina em Balsas e o incentivo à indústria local. “A chegada da Inpasa e a política estadual de estímulo ao consumo de etanol produzido no Maranhão representam um avanço estratégico para a economia do estado”, afirmou.
A expectativa do setor é que, a partir de maio ou junho, os consumidores comecem a sentir os efeitos da mudança nos preços nas bombas. Até lá, o desafio é preparar os postos e aproveitar o novo cenário para consolidar o Maranhão como referência no Nordeste na produção e consumo de biocombustíveis.