O governo dos Estados Unidos anunciou nesta semana o início de um estudo em larga escala para investigar as causas da crescente prevalência de autismo no país, classificada como uma “epidemia” pelo secretário da Saúde, Robert F. Kennedy Jr. Segundo ele, os resultados da investigação devem ser divulgados até setembro e podem levar à eliminação de exposições consideradas nocivas.
“Lançamos um grande esforço de testes e pesquisas que envolverão centenas de cientistas do mundo todo”, afirmou Kennedy durante uma reunião de gabinete transmitida pela televisão e presidida pelo presidente Donald Trump. “Até setembro, saberemos o que causou a epidemia de autismo. E poderemos eliminar essas exposições”, declarou o secretário, sem detalhar os métodos da pesquisa.
De acordo com Kennedy, os casos de autismo aumentaram de forma expressiva nas últimas décadas. Ele afirmou, sem citar fontes específicas, que atualmente o índice seria de um caso a cada 31 crianças, comparado a um para cada 10 mil nas décadas passadas. Já os dados oficiais mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indicam uma taxa de um a cada 36. Para o presidente Trump, os números são “horríveis” e sugerem a presença de “algo artificial” por trás do avanço da condição.
A iniciativa, embora tenha ganhado grande repercussão, ocorre em meio a polêmicas. Robert F. Kennedy Jr., que ganhou notoriedade como advogado ambientalista, passou a ser uma figura controversa nos últimos anos ao promover teorias desacreditadas que ligam vacinas ao autismo e questionam fundamentos científicos amplamente aceitos, como a própria relação entre germes e doenças.
A comunidade científica, por sua vez, já conduziu diversos estudos de grande escala que não encontraram relação causal entre vacinas e autismo, e entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o CDC reafirmam constantemente a segurança dos imunizantes.
Embora o novo esforço de pesquisa seja recebido com cautela por especialistas, muitos ressaltam que investigar fatores ambientais, genéticos e sociais com base em evidências rigorosas pode trazer avanços importantes na compreensão dos transtornos do espectro autista — desde que os dados sejam tratados com responsabilidade e sem distorções ideológicas.
Até setembro, o governo promete divulgar os primeiros resultados.