Publicidade
Carregando anúncio...

Botox: especialistas alertam para riscos e necessidade de regulação

A crescente procura acendeu o alerta de especialistas para os riscos associados ao uso indiscriminado da substância

Fonte: Da redação

A toxina botulínica, mais conhecida como botox, continua liderando o ranking dos procedimentos estéticos não cirúrgicos no mundo. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), foram realizadas 9,2 milhões de aplicações em 2022 — mais de 433 mil apenas no Brasil. Por aqui, o produto representou quase 45% de todos os procedimentos estéticos sem cirurgia realizados naquele ano. No entanto, a crescente procura acendeu o alerta de especialistas para os riscos associados ao uso indiscriminado da substância.

Uma revisão recente conduzida por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Unifesp revelou que o botox, apesar de amplamente considerado minimamente invasivo, não está isento de complicações. Após analisar 50 estudos internacionais publicados entre 2017 e 2022, os pesquisadores concluíram que a classificação atual pode induzir pacientes a subestimar os riscos. “A falsa ideia de que não há efeitos colaterais pode levar a decisões precipitadas”, afirma Samira Yarak, dermatologista e coordenadora do estudo.

A popularização do botox, segundo os especialistas, não foi acompanhada de protocolos sólidos baseados em evidências científicas, o que torna a notificação de efeitos adversos ainda mais necessária. “Trata-se de uma questão de saúde pública. É preciso reconhecer os riscos, discutir produtos e técnicas, e qualificar os profissionais envolvidos”, defende Yarak.

A dermatologista Mariana Fernandes de Oliveira, do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça que o aumento no número de procedimentos também eleva a incidência de complicações, principalmente quando realizados por profissionais sem formação específica.

Entre os efeitos adversos mais comuns estão hematomas, inchaço e dor no local da aplicação. Em casos mais graves, podem ocorrer ptose palpebral (queda da pálpebra), assimetria facial, visão dupla, infecções, dores de cabeça e reações alérgicas. Em situações raras, há risco de reação anafilática.

Essas complicações, de acordo com a cirurgiã plástica Alessandra dos Santos Silva, geralmente decorrem de fatores como técnica incorreta, diluição inadequada, produtos não autorizados pela Anvisa e avaliação clínica insuficiente. Ela ressalta a importância de uma abordagem personalizada, com atenção ao histórico médico e às expectativas do paciente.

O procedimento também possui contraindicações, como doenças autoimunes, inflamações ativas, distúrbios de coagulação, condições neuromusculares, além de gravidez e lactação. No Brasil, a aplicação pode ser feita por médicos, dentistas, farmacêuticos, enfermeiros e biomédicos — desde que devidamente capacitados.

“É essencial que o profissional conheça profundamente a anatomia facial, as interações medicamentosas e os protocolos de antissepsia”, orienta Yarak. Além disso, a recomendação é buscar referências e avaliar a proposta apresentada durante a consulta. “Resultados seguros e naturais começam com um atendimento ético e bem embasado”, completa Mariana.

Diante da explosão da demanda, especialistas defendem que o botox seja visto com o devido cuidado: não como um simples tratamento estético, mas como um procedimento médico que exige técnica, responsabilidade e regulação.

Fechar