O comércio eletrônico no Brasil tem crescido como nunca. De acordo com um estudo conjunto da agência de marketing NP Digital e da plataforma de pesquisas Opinion Box, o país teve o maior crescimento em vendas digitais no ano de 2024 comparado a economias grandes e maduras de todo o mundo, como Estados Unidos e Europa. O faturamento de R$204 bilhões representou um incremento de 10% ante 2023, e a projeção para 2027 é triplicar o mais recente valor.
Porém, tanto esse estudo quanto uma recente pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) corroboram uma desconfiança generalizada do brasileiro quanto a comprar online. A FEBRABAN estima que 80% dos respondentes temam ser vítimas de fraudes online, enquanto a NP Digital/Opinion Box informa que 88% dos sondados consultam plataformas de reclamações como o ReclameAqui antes de concluir uma compra.
Não é possível dizer que os temores são exagerados. A quantidade de fraudes digitais cresce rapidamente e elas se sofisticam. Para evitar golpes e vendedores suspeitos, o seguinte guia pretende trazer algumas práticas e princípios.
Cibersegurança básica
As seguintes dicas podem ser aplicadas a qualquer atividade online cotidiana e vêm antes mesmo de pensar em comprar na internet.
Atualize seu sistema
De computadores de mesa a celulares, dispositivos eletrônicos de todas as marcas e modelos são constantemente atualizados. Essas atualizações contém melhorias de funcionalidade e, principalmente, consertos para brechas de segurança.
Essas atualizações frequentemente são uma atividade padrão da máquina, que roda automaticamente. Mas tenha o cuidado de verificar periodicamente se elas estão sendo recebidas e, se não, faça a atualização manual.
Atualize seu antivírus
Considere as palavras logo acima sobre a atualização do sistema operacional de um equipamento igualmente válidas para o antivírus. Se ele não estiver atualizado contra as últimas ameaças digitais (que evoluem rápido!), seu antivírus não será de muito valor para proteção.
Cuidado com redes públicas
Redes Wi-Fi públicas são bastante visadas por cibercriminosos. Estabelecimentos de grande rotatividade, como aeroportos, hospitais, cafés e restaurantes têm um grande influxo de vítimas em potencial para cibercriminosos, e por isso atraem mais atenção para golpes e interceptações.
Primeiramente, o mais razoável seria evitar fazer compras em redes sem fio, mesmo que protegidas com senha. Mas, optando por comprar, é fundamental usar uma VPN online para garantir a cibersegurança. A VPN cria uma espécie de “túnel seguro” digital para todas as comunicações de dados com criptografia, canalizando o acesso do cliente através de um servidor privado protegido. Dessa forma, evita ataques de hackers.
Senhas únicas são fundamentais
Todo mundo odeia ter que criar uma senha diferente para cada serviço digital. No entanto, isso é necessário para se manter seguro online. Os cibercriminosos contam com ferramentas automatizadas para testar senhas longas e complexas por tentativa e erro. Se descobrem uma senha e têm outros dados da vítima, como e-mail, são capazes de cruzar dados e invadir mais de um serviço dela de cada vez.
Como ninguém tem uma memória perfeita e a quantidade de senhas pessoais de alguém pode ser longa, escolha um bom gerenciador de senhas para armazená-las no celular, ou anote-as num local seguro. Outra boa medida é habilitar a autenticação em dois fatores, quando permitido pelo site de compras. Isso adiciona ainda mais uma camada de segurança ao acesso.
Escolhendo um site seguro e autêntico
Escolher um site seguro começa por conhecer onde se compra, mas não se limita a isso.
Navegação segura
Primeiro é necessário identificar se a navegação do site é segura. Isso pode ser constatado ao clicar na barra de endereço: se o endereço no navegador começar com “https://www” (com o “s”), o site tem navegação segura; se começar com “http://www”, não tem – e neste último caso, você não deve comprar nele.
Certifique-se da autenticidade do site
Em segundo lugar, preste atenção se o nome do site na barra de endereço corresponde ao que você espera. Muitas vezes, clicamos num dos primeiros links do Google ao buscar por presentes e somos redirecionados para um site que aparenta ser de um grande varejista – mas é um golpe.
Isso ocorre porque criminosos conseguem criar sites que imitam marcas conhecidas e colocá-los nos primeiros resultados pagando um anúncio no Google. Eles têm o nome similar, mas não igual aos sites originais: sempre contêm uma diferença de letra ou um erro de digitação, ao qual você deverá atentar na barra de endereço.
Para evitar esse tipo de golpe mais facilmente, digite diretamente o nome do varejista na barra de endereço, em vez de buscar por ele no Google.
Não clique em links promocionais
Ao clicar num link comprometido, um comprador se torna vítima de um cibercriminoso. É simples e rápido assim. Os ciberataques chamados phishing consistem essencialmente em persuadir pessoas a clicar em tais links.
Por isso, é importante evitar clicar em links recebidos por e-mail, SMS ou mensagens via WhatsApp ou Telegram. Por mais legítimas que sejam as fontes, não custa nada ver a oferta mencionada na descrição do link e procurar por conta própria no site do varejista para ver se ela é real.
Escolha meios de pagamento seguros
Evite o uso de cartões de débito. Prefira cartões de crédito, em que o estorno pode ser feito no caso de um incidente. Se possível, opte também por cartões pré-pagos digitais. Eles permitem efetuar uma carga com dinheiro e não informam dados do pagador a cada transação nem serem copiados como cartões convencionais.
Promoções “de outro mundo” costumam ser falsas
Ofertas especiais de datas comemorativas e saldões excepcionais existem. Boas oportunidades também. Porém, todos os itens a preços que parecem excessivamente baixos é algo para se desconfiar. Se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é. Isso é especialmente válido para plataformas que não conhecemos e que “damos a sorte” de encontrar com grandes promoções.