
Bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos, os bebês reborn vêm ganhando popularidade entre adultos, especialmente mulheres, e despertando debates sobre saúde mental, fantasia e afeto.
Segundo a psicóloga Valéria Figueiredo, o fenômeno se insere em um contexto de valorização do hiper-real. “Na era da imagem, o real perde espaço para o simbólico. O bebê reborn pode representar afeto, luto, solidão ou busca por controle”, explica.
Para algumas mulheres, os bonecos funcionam como uma forma simbólica de maternar — especialmente em casos de perdas gestacionais, infertilidade ou síndrome do ninho vazio. Também podem auxiliar no processo de luto, oferecendo um objeto de transição para expressar a dor.
Em um mundo de vínculos frágeis, o reborn pode representar companhia e rotina, além de ser um “relacionamento” previsível e controlável. No entanto, Valéria alerta que a substituição de relações humanas por vínculos com os bonecos pode indicar sofrimento psíquico e exige atenção clínica.
“A empatia é necessária, mas o acompanhamento psicológico é essencial para entender quando o vínculo é saudável ou não”, conclui.