Em algum momento da vida, todos nós enfrentamos o sofrimento. Feridas invisíveis, deixadas por perdas, traições, rejeições ou fracassos, muitas vezes se tornam companheiras silenciosas da nossa jornada. A vida pode parecer uma montanha-russa emocional, cheia de altos e baixos, e, às vezes, as quedas são tão abruptas que achamos que nunca mais vamos nos levantar. Mas a verdade é que não são as feridas que definem quem somos, e sim a forma como reagimos a elas. A Bíblia é rica em exemplos de pessoas que transformaram suas dores em crescimento, suas lágrimas em maturidade e seus desertos em lugares de encontro com Deus.
O salmista Davi, declara com sinceridade em Salmos capítulo 119 e versículo 71: Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus decretos.
Neste versículo, a aflição não é vista como punição, mas como UM MEIO PEDAGÓGICO DE DEUS, uma escola onde a alma aprende o que, talvez, jamais entenderia nos dias de bonança. O sofrimento abriu espaço para a escuta, para a busca sincera da Palavra, para a reverência à Lei do Senhor, que, como afirma o próprio salmo, é perfeita e restaura a alma.
A sabedoria bíblica nos mostra que a dor pode ser um instrumento divino de amadurecimento espiritual. Veja o que está escrito em Jó capítulo 5 e versículo 18: Pois ele fere, mas trata da ferida; ele machuca, mas suas mãos curam. E ainda em Oséia, capítulo 6 e versículo 1: Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; fez a ferida, e a ligará.
Deus não é um espectador indiferente do nosso sofrimento. Ele é o Deus que está presente nas lágrimas, que cura com o toque das suas mãos, que transforma feridas em fonte de sabedoria e maturidade. As marcas deixadas pela dor, quando entregues a Ele, tornam-se cicatrizes que contam histórias de superação e graça. O escritor Hernandes Dias Lopes afirma com precisão: A mágoa é a gangrena da alma, mas o perdão é a assepsia.
O perdão sara e restaura a alma. Muitos se agarram à dor como uma forma de proteção, mas na verdade, essa dor não tratada envenena, limita, adoece.
O perdão é libertador, é a porta por onde entra a cura. Quando perdoamos, não ignoramos o que nos feriu, reconhecemos a ferida, mas decidimos não permitir que ela dite o rumo da nossa história. Transformar feridas em sabedoria começa com a aceitação da dor, em vez de fugir ou anestesiar. Isso não significa resignação, mas coragem.
Coragem de olhar para dentro, entender o que nos machucou e perguntar: O que posso aprender com isso? Às vezes, aprendemos que somos mais fortes do que pensávamos. Outras vezes, entendemos que precisamos colocar limites, ou que precisamos confiar mais em Deus do que em nossas próprias forças. Cada ferida traz consigo uma lição, um convite ao crescimento.
E esse crescimento não deve ser guardado apenas para nós. Quem sofre com propósito pode ajudar outros a caminhar com mais leveza.
Compartilhar nossas experiências, ouvir sem julgar, acolher com empatia, tudo isso transforma a dor em ponte. Uma ponte que liga nossa história à história de quem também precisa de esperança. É importante lembrar que transformar feridas em sabedoria não é um evento pontual, mas um
processo. Leva tempo, exige reflexão, oração, escuta da Palavra e, muitas vezes, ajuda de pessoas que nos apoiem. Se hoje você está enfrentando uma fase difícil, saiba que este não é o fim. Há cura disponível em Deus.
Há consolo na Palavra. Há sabedoria escondida nas lágrimas. O mesmo Deus que permite a aflição é Aquele que cura, restaura e fortalece