O ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Bruno Bianco, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (29) que o ex-presidente Jair Bolsonaro perguntou a ele se havia meios jurídicos para contestar o resultado das eleições de 2022. A conversa, segundo Bianco, ocorreu no Palácio do Planalto, na presença dos comandantes das Forças Armadas, e foi breve.
Bianco relatou que Bolsonaro questionou se havia algum problema jurídico nas eleições e que respondeu não haver qualquer irregularidade, reforçando a transparência do processo eleitoral. O ex-ministro disse que o presidente, após ouvir sua resposta, se deu por satisfeito.
A declaração foi dada durante audiência no STF no processo em que Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, é réu sob a acusação de envolvimento em tentativa de golpe. A defesa de Torres convocou ex-ministros para depor como testemunhas. Participaram das audiências Bruno Bianco, Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia). Paulo Guedes, Célio Faria e Adler Cruz não compareceram, e seus depoimentos foram dispensados pela defesa.
Bianco negou teor golpista na reunião ministerial de julho de 2022, citada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como indício de articulação antidemocrática. Ele afirmou que foi convocado para tratar da cartilha da AGU sobre condutas vedadas durante o período eleitoral.
Já Wagner Rosário afirmou que o objetivo da reunião era discutir possíveis fragilidades nas urnas eletrônicas e como as instituições poderiam atuar, mas sem qualquer indício de fraude ou ruptura institucional.
O vídeo dessa reunião, encontrado com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, mostra Bolsonaro abordando temas antidemocráticos e Anderson Torres exaltando o exemplo da Bolívia para justificar ações de força. A gravação é uma das principais provas do processo.
Durante o depoimento, Bianco também negou ter sido procurado por investigados no governo para tratar de questões pessoais com a AGU. Ele explicou que todas as consultas ao órgão são formais e públicas.
As audiências no STF estão no nono dia e continuam até a próxima semana. Tarcísio de Freitas e Ciro Nogueira devem depor na sexta-feira (30), enquanto o general Gustavo Dutra, ex-comandante do Planalto, será ouvido na segunda-feira (2).