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Viagens internacionais de Lula já custaram mais de R$ 50 milhões

Em 2024, os gastos com hospedagem caíram para R$ 12,7 milhões, com visitas a 13 países

Fonte: Da redação

As viagens internacionais realizadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato já custaram mais de R$ 50 milhões aos cofres públicos, conforme dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O valor contempla gastos com hospedagem da comitiva presidencial, despesas logísticas como aluguel de equipamentos, contratação de intérpretes, telefonia, acesso à internet, transporte local e aluguel de salas e veículos.

Segundo informações fornecidas pelo Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty, apenas com hospedagem, o governo desembolsou R$ 47 milhões entre janeiro de 2023 e maio de 2025. Já os custos logísticos somaram cerca de 599,8 mil dólares, o equivalente a R$ 3,35 milhões pela cotação atual. Esses números não incluem ainda as despesas da visita de Estado à França, em curso nesta semana, nem da viagem à China, realizada no mês passado, cujos valores não foram informados até o momento.

A viagem mais cara de 2025, até agora, foi também a mais polêmica. Em maio, Lula esteve em Moscou para participar do Dia da Vitória, celebração que marca a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A viagem ocorreu em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia e gerou forte reação da oposição. Apenas com hospedagem na capital russa, o custo foi de R$ 1,9 milhão. Na ocasião, o presidente se reuniu com Vladimir Putin e prometeu fortalecer a parceria estratégica entre os dois países. Parlamentares críticos ao governo condenaram a visita. O senador Sergio Moro, por exemplo, classificou como ofensiva e vergonhosa a aproximação com o líder russo, lembrando que o Paraná, estado que representa, abriga cerca de 500 mil descendentes de ucranianos.

As viagens à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, também estão entre as mais caras do mandato. Em 2023, a ida aos Estados Unidos custou R$ 7,6 milhões. Em 2024, a nova participação no evento teve despesa estimada em R$ 6,4 milhões. Em ambas as ocasiões, Lula e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, hospedaram-se no hotel de luxo Lotte New York Palace, onde as diárias chegam a R$ 8,9 mil, conforme preços disponíveis para setembro, mês em que ocorre a próxima edição do encontro da ONU.

Somente em 2023, o primeiro ano da atual gestão, foram R$ 29 milhões em hospedagem durante viagens internacionais. Naquele ano, Lula visitou 24 países em quatro continentes. Entre os principais compromissos estiveram a Assembleia-Geral da ONU nos Estados Unidos, as reuniões do G7 no Japão, a cúpula do G20 na Índia e o relançamento da Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na Argentina. Em discurso, Lula afirmou que o Brasil estava de volta ao mundo e defendeu maior integração regional, após a ausência do país do bloco durante o governo de Jair Bolsonaro.

Em 2024, os gastos com hospedagem caíram para R$ 12,7 milhões, com visitas a 13 países. Até maio de 2025, já foram gastos R$ 5,3 milhões em nove destinos internacionais. Além da hospedagem e logística direta, outros gastos associados aos deslocamentos incluem aluguel de veículos, salas, combustível, alimentação, coffee breaks e contratação de serviços locais. Esses custos adicionais somam pelo menos 5,6 milhões de dólares (R$ 31,6 milhões) e 2,8 milhões de euros (R$ 17,9 milhões), conforme valores reportados pelo Itamaraty. A análise da reportagem levou em consideração apenas os registros feitos em dólar e euro, já que os dados foram entregues em múltiplas moedas locais, dificultando o cálculo total consolidado.

Questionada sobre os custos, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que a agenda internacional do presidente Lula tem como objetivo reposicionar o Brasil no cenário global após um período de isolamento diplomático. Segundo o governo, além da dimensão simbólica de restabelecer a imagem do país, as viagens também buscam fortalecer relações econômicas e comerciais com parceiros estratégicos.

Especialistas, no entanto, apontam a necessidade de maior controle e transparência. O cientista político Sérgio Praça afirmou que embora seja legítimo que o presidente atue na política externa, é preciso rever o tamanho das comitivas e a frequência das viagens. Para ele, os deslocamentos fazem sentido do ponto de vista institucional, mas devem ser acompanhados por critérios claros de necessidade e custo-benefício. Marina Atoji, diretora da Transparência Brasil, destacou que, por se tratar de gastos expressivos com impacto potencial em áreas estratégicas, a prestação de contas deve ser detalhada, clara e acessível. Ela reforçou que o simples fato de os dados estarem disponíveis por meio da LAI não exime o governo de oferecer informações de forma ativa, transparente e compreensível à população.

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