Publicidade
Carregando anúncio...

Anvisa libera uso do Mounjaro para perda de peso

O Mounjaro passa, assim, a integrar oficialmente o portfólio de medicamentos para o tratamento da obesidade com atuação reconhecida e comprovada

Fonte: Da redação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou oficialmente, nesta segunda-feira (9), o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida), da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento da obesidade no Brasil. Até então indicado apenas para pacientes com diabetes tipo 2, o remédio já vinha sendo amplamente utilizado de forma off-label para perda de peso. Com a nova autorização, publicada no Diário Oficial da União, a indicação passa a constar oficialmente em bula, em linha com aprovações anteriores já concedidas nos Estados Unidos e na União Europeia.

A tirzepatida pertence à classe dos chamados análogos de GLP-1, que simulam hormônios naturais do corpo humano envolvidos na regulação do apetite e no controle glicêmico. Diferentemente de outros medicamentos da mesma categoria, como a semaglutida (presente no Ozempic e Wegovy), a tirzepatida atua também como agonista do hormônio GIP, tornando-se um composto de ação dupla. Essa combinação tem sido associada a uma maior eficácia na perda de peso, superando até mesmo resultados obtidos com a semaglutida em estudos clínicos.

A aprovação foi comemorada por especialistas da área médica. Para Luiz Magno, diretor sênior da Eli Lilly no Brasil, a obesidade ainda é tratada socialmente como uma questão de escolha de estilo de vida, apesar das evidências científicas apontarem sua complexidade multifatorial. Ele destacou que, por décadas, dieta e exercícios foram as únicas opções terapêuticas, mas nem todos conseguem perder peso com essas estratégias isoladamente.

Fábio Trujilho, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), avaliou a decisão como um avanço significativo, ampliando o leque de tratamentos disponíveis. Segundo ele, estudos clínicos mostraram que a tirzepatida oferece resultados superiores aos de outras medicações disponíveis atualmente, especialmente em doses mais elevadas. “Nem todo paciente precisará da opção mais potente, mas para aqueles com comorbidades relacionadas ao peso, é uma ferramenta valiosa agora com respaldo regulatório”, disse.

Karen de Marca, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destacou que a nova indicação do Mounjaro retira o uso da categoria off-label e o alinha com as evidências científicas mais recentes. Segundo ela, os efeitos do medicamento são comparáveis aos da cirurgia bariátrica, com cerca de 50% dos pacientes perdendo mais de 20% do peso corporal, e 35% eliminando mais de 25%.

O medicamento está aprovado para pessoas com índice de massa corporal (IMC) a partir de 30 kg/m² ou entre 27 e 30 kg/m² em casos de sobrepeso com comorbidades, como hipertensão e pré-diabetes. Ele é administrado por meio de uma caneta autoinjetora de dose única semanal. No Brasil, o Mounjaro começou a ser comercializado em maio deste ano e, por ora, está disponível nas concentrações de 2,5 mg e 5 mg — a empresa planeja trazer versões mais potentes (até 15 mg) em breve.

O preço do tratamento varia conforme o canal de compra. No programa “Lilly Melhor Para Você”, os valores online variam entre R$ 1.406,75 (2,5 mg) e R$ 1.759,64 (5 mg), enquanto nas farmácias físicas os preços podem chegar a R$ 2.384,34, dependendo da alíquota do ICMS em cada estado.

O Mounjaro passa, assim, a integrar oficialmente o portfólio de medicamentos para o tratamento da obesidade com atuação reconhecida e comprovada. A nova geração de análogos de GLP-1 e GIP promete revolucionar o tratamento do excesso de peso, um problema de saúde pública que afeta milhões de brasileiros.

Estudos publicados em revistas científicas como a JAMA e o New England Journal of Medicine demonstram o potencial do fármaco. Em uma dessas pesquisas, a tirzepatida foi associada a uma perda de peso média de 25,3% após 88 semanas de uso — desempenho significativamente superior à semaglutida, que alcançou 17,4% no mesmo período. Em comparação direta, a tirzepatida proporcionou uma redução 47% maior no peso do que o Wegovy e o Ozempic.

Fechar