Quem nunca ouviu falar que devemos comer devagar, mastigar bem os alimentos para que haja uma melhor digestão, melhor absorção dos nutrientes, menos risco de aspiração, maior saciedade, prevenindo obesidade e tantos outros benefícios? Comer devagar também nos permite sentir melhor cada sabor e ter uma experiência que vai além do valor nutricional do alimento.
Tudo isso é fato, porém existem situações em que comer muito devagar pode indicar que há algo de errado no processo de deglutição da pessoa.
Apesar de deglutirmos de modo automático no dia-a-dia, a deglutição necessita de um arranjo bem feito de vias neurológicas, que vão permitir coordenar respiração com cada fase da deglutição, de modo a proteger nossos pulmões de possíveis aspirações de alimentos.
Quando algo não vai bem, é possível que haja dificuldades desde na mastigação, por falta de elementos dentários, alteração na força dos músculos envolvidos na mastigação ou na propulsão do bolo alimentar da boca para a faringe e dali para o esôfago, alterações na sensibilidade laríngea, incoordenação ente a respiração e a deglutição, além de alterações esofágicas.
Pessoas com essas alterações demoram muito mais para mastigar, conseguir engolir cada porção que põem na boca e acabam ficando mais tempo sentadas à mesa de refeição. Por fim, podem ter preferência por alimentos mais fáceis para mastigar, e podem ficar em risco nutricional, com perda de peso importante, fora o risco de pneumonias por aspirarem aquele resquício de alimento que tanto demora para ser deglutido e fica ali estagnado na garganta.
Muitas dessas alterações podem estar associadas a condições neurológicas, como o Parkinson ou sequelas de AVC. Em alguns casos, a dificuldade de deglutição pode ser o primeiro sintoma de alguma dessas doenças.
Ficou desconfiado de que aquele seu parente que demora muito à mesa não está apenas curtindo a experiência gastronômica mas pode ter algum problema na deglutição? Procure avaliação médica. Com o acompanhamento adequado, é possível evitar complicações e aproveitar uma alimentação nutritiva e prazerosa!
Lívia Arruda, médica otorrinolaringologista
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