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Reclamações sobre Colgate Total Clean Mint disparam

A empresa recolheu algumas unidades e ofereceu versões alternativas aos consumidores afetados

Fonte: Da redação

O número de reclamações por reações adversas após o uso da Colgate Total Clean Mint disparou em 2025. Até 19 de março, a Anvisa havia registrado 13 notificações; ao final de maio, esse número ultrapassou 1.200. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou a suspensão das vendas da pasta de dentes até agosto, após diversos relatos de sintomas como ardência, aftas, inchaço nos lábios e dificuldades para falar ou engolir.

Segundo o Procon-SP, os consumidores afetados podem solicitar reembolso dos gastos com tratamentos médicos ou odontológicos, desde que apresentem relatório, laudo ou declaração de um profissional de saúde que comprove a relação entre o uso do produto e a reação alérgica. Essa restituição pode ser feita por vias administrativas, como no próprio Procon, ou por meio de ação judicial. No caso de pedidos por danos morais, o caminho é exclusivamente pela Justiça. O órgão de defesa do consumidor recomenda que os usuários guardem recibos de consulta, notas fiscais de medicamentos e documentos médicos que detalhem o problema, pois esses registros podem ser fundamentais em uma eventual ação judicial.

O advogado Gabriel Britto Silva, do Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci), destaca que o consumidor tem direito à reparação por danos quando o produto não apresenta alerta claro sobre possíveis reações adversas. A Colgate, por sua vez, afirma que o produto é seguro, atende aos requisitos regulatórios da Anvisa e que cada relato é analisado individualmente. A empresa disponibiliza canais de contato pelo telefone 0800-703-7722 e pelo site www.colgate.com.br/contato.

A Colgate informa que o creme dental interditado é produzido em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP), certificada pelas boas práticas de fabricação. Segundo a empresa, a nova fórmula da Colgate Total é resultado de mais de dez anos de pesquisas e testes com consumidores, inclusive no Brasil. A companhia reitera que todos os produtos da linha atendem aos padrões regulatórios exigidos.

Apesar disso, usuários relatam dificuldades no atendimento e resolução dos casos. O biólogo Eurico Cabral de Oliveira, de 85 anos, afirma que começou a sentir inflamações recorrentes na gengiva após trocar a versão Total 12 pela nova Clean Mint. Mesmo após contatos com a empresa, recebeu respostas padronizadas e repetitivas. Após a exposição do caso, a Colgate enviou cinco tubos de uma linha voltada a dentes sensíveis, mas não recolheu os tubos suspeitos.

Na internet, consumidores também relataram reações adversas a outras versões da linha Colgate Total, como Carvão Ativado, Whitening e Fresh Mint. No Reclame Aqui, uma usuária relatou bolhas nos lábios e inchaço após usar a versão Carvão Ativado. Outra, de Mato Grosso, disse ter sintomas semelhantes com a Clean Mint e também com a Whitening, afirmando que a pasta parece conter uma substância que corrói a gengiva.

A fórmula lançada em julho de 2024 introduziu o fluoreto de estanho, inicialmente apontado pela empresa como possível responsável pelas reações. A Colgate mantém a defesa de que a substância é segura e aprovada pelos órgãos reguladores. A Anvisa, no entanto, informa que outras versões da linha não foram interditadas por não apresentarem o mesmo volume de notificações. O órgão considera que a causa das reações pode envolver a combinação de outros ingredientes da formulação, como aromatizantes à base de óleos essenciais, corantes e aditivos — todos com potencial alergênico —, além de possíveis interações entre esses compostos.

A dermatologista Keri Chaney, do Medical College of Wisconsin (EUA), relata ter atendido uma paciente com feridas nos lábios causadas pelo fluoreto de estanho. Embora o ingrediente seja raro nos Estados Unidos, há registros semelhantes na Europa. Os sintomas incluem queilite (inflamação nos lábios), dor bucal, vermelhidão e, em casos graves, inchaço no rosto e urticária. Segundo a médica, pessoas com dermatite atópica ou pele sensível podem ser mais suscetíveis, mas qualquer indivíduo pode desenvolver reações.

Já o toxicologista Gunnar Johannsen, do Instituto Karolinska, na Suécia, afirma não conhecer evidências diretas que liguem o fluoreto de estanho a alergias, mas admite que os estabilizantes utilizados na fórmula podem provocar interações inesperadas.

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) destaca que o fluoreto de estanho é utilizado há mais de 30 anos em cremes dentais e é considerado seguro. Em caso de reações adversas, o órgão recomenda a suspensão imediata do uso e a notificação ao fabricante e à Anvisa.

A investigação sobre o produto segue em andamento. A Colgate afirma manter colaboração contínua com a Anvisa na apuração técnica dos relatos, mas a suspensão das vendas permanece válida enquanto não houver uma conclusão definitiva sobre a causa das reações.

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