O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros não tem “qualquer racionalidade econômica” e classificou a medida como uma retaliação política. Segundo ele, a única explicação plausível seria uma articulação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro para desestabilizar o Brasil e interferir em processos judiciais em curso.
“É uma decisão eminentemente política, porque ela não parte de nenhuma racionalidade econômica”, declarou Haddad durante entrevista aos veículos Brasil 247, CartaCapital, Diário do Centro do Mundo, Fórum e TVT News, no programa Barão Entrevista. O ministro acredita que a tarifa de 50% dificilmente será mantida e afirmou confiar na atuação do Itamaraty para reverter a medida por meio de negociações diplomáticas.
Haddad sustentou que os fundamentos econômicos não justificam o aumento da tarifa, lembrando que, nos últimos 15 anos, o Brasil acumula um déficit superior a US$ 400 bilhões na balança de bens e serviços com os Estados Unidos. “Não é de racionalidade econômica o que foi feito ontem, uma vez que os Estados Unidos, como todos sabem, é superavitário em relação à América do Sul como um todo, e ao Brasil também”, afirmou.
O ministro revelou ainda que, quando a tarifa imposta por Trump estava em 10%, chegou a se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, na Califórnia, e destacou que o próprio representante americano reconheceu que havia espaço para diálogo. “Hoje, nós estamos falando de uma tarifa insustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista político, de 50%. Então, eu não acredito que essa situação vai se manter”, reforçou Haddad.
A tarifa de 50% foi anunciada por Donald Trump na quarta-feira (9), com início de vigência previsto para 1º de agosto de 2025. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump justificou a medida com base no processo judicial contra Bolsonaro, atualmente réu por tentativa de golpe de Estado após os atos de 8 de janeiro.
Além da carta, o republicano fez publicações em sua rede Truth Social nos dias 7 e 8 de julho, nas quais saiu em defesa do ex-presidente brasileiro, descrevendo os processos como “caça às bruxas” e pedindo que Bolsonaro seja “deixado em paz”. Trump ainda indicou apoio a uma eventual candidatura do ex-aliado, mesmo ele estando inelegível até 2030.