A União Europeia anunciou neste domingo que estenderá até o início de agosto a suspensão das tarifas de retaliação contra os Estados Unidos, com o objetivo de viabilizar um acordo comercial que evite a imposição de uma tarifa de 30% sobre os produtos europeus. A medida foi confirmada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após os EUA enviarem uma carta com o aviso de que as tarifas entrarão em vigor caso uma solução negociada não seja alcançada.
Segundo Von der Leyen, a prorrogação da trégua demonstra a disposição da UE em buscar uma saída diplomática para o impasse. “Os Estados Unidos nos enviaram uma carta com medidas que entrarão em vigor a menos que uma solução negociada seja alcançada. Portanto, também estenderemos a suspensão de nossas contramedidas até o início de agosto”, afirmou. No entanto, ela também sinalizou que o bloco está pronto para agir caso o diálogo fracasse: “Continuaremos preparando medidas de resposta para estarmos totalmente preparados”.
A suspensão das contramedidas, que expira originalmente na noite desta segunda-feira, havia sido anunciada em abril, quando Bruxelas optou por congelar a aplicação de tarifas retaliatórias avaliadas em € 21 bilhões (cerca de R$ 136,8 bilhões) contra produtos americanos, como resposta à tarifa de 25% imposta por Donald Trump sobre aço e alumínio europeus. A expectativa era que o gesto abrisse caminho para um entendimento comercial mais amplo entre os dois blocos.
No entanto, a situação se agravou neste fim de semana após o anúncio de Trump, no sábado, de novas tarifas de 30% sobre produtos da UE e do México, com vigência a partir de 1º de agosto. O aumento das tensões gerou reações imediatas em toda a Europa, com preocupações específicas sobre setores estratégicos como o automobilístico, o farmacêutico, o aeroespacial e o de vinhos.
Reforçando a posição de Von der Leyen, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, destacou que a União Europeia mantém o compromisso com uma solução negociada, mas não hesitará em usar suas ferramentas defensivas, especialmente no setor de serviços. “A UE sempre buscou uma solução negociada. Mas, se necessário, também dispõe de ferramentas para defender seus interesses. No setor de serviços, a Europa está em uma posição de força”, declarou à publicação francesa Tribune Dimanche.
Trump justificou as tarifas citando o superávit comercial da UE com os EUA, que alcançou € 50 bilhões (aproximadamente R$ 321,3 bilhões) em 2024. No entanto, quando se consideram apenas os serviços, a balança comercial se inverte: a UE registra um déficit de € 150 bilhões (cerca de R$ 964 bilhões), impulsionado especialmente pela dominância das empresas americanas de tecnologia e software.
Diante do risco de fracasso nas negociações, o ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil, defendeu uma postura firme do bloco. Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung, Klingbeil afirmou que, caso não haja um acordo “justo”, a União Europeia deverá adotar “contramedidas decisivas” para proteger empregos e empresas no continente. “Negociações sérias e voltadas para soluções com os Estados Unidos ainda são necessárias, mas se fracassarem, uma resposta firme será inevitável”, concluiu.
Com a extensão da trégua até o início de agosto, a União Europeia ganha tempo para tentar evitar uma nova escalada na guerra comercial transatlântica. No entanto, o bloco já se articula para reagir rapidamente caso os EUA mantenham as tarifas, com foco em setores estratégicos e sensíveis para a economia americana.