Retrato da família dos Habsburgos revelando vários macrognatas, como a pessoa ao lado, com o lábio inferior bem proeminente em seu perfil.
Cresci ouvindo que pessoas com queixo grande eram bem-sucedidas e líderes naturais, ficando ricas logo cedo. Na escola, ao estudar historia geral, a professora contava que os Habsburgos dominaram por quase mil anos toda a Europa de 962 a 1922. Ao ver as pinturas e retratos desta família real, ficávamos abismados com a aparência desta nobreza e em sua maioria, macrognatas e ou prognatas.
Alguns estudos com seus retratos, atribuíram a macrognatia mandibular desta família real, aos muitos casamentos consanguíneos que aconteciam para que algum membro acabasse sendo rei ou rainha de um país vizinho, aumentando seu poder. Por causa dessa endogamia real, a família acabou sendo abolida do poder pelo fato de seus membros não conseguirem mais gerar herdeiros.
A hereditariedade é a principal causa das macrognatias, mas falar que casamentos entre parentes aumenta sua frequência, ainda requer estudos mais profundos e não pode ser dado como evidência cientifica.
MACROGNATIA E PROGNATISMO
A macrognatia não é exclusiva da mandíbula e pode ocorrer na maxila. Quando realmente a mandíbula fica maior, a macrognatia é classificada como verdadeira.Eventualmente ela parece maior, mas é porque está localizada mais para a frente do que o normal, em relação aos ossos da face como a maxila, sendo esta situação chamada de “prognatismo”, que não é sinônimo de macrognatia.
As causas permitem classificar as macrognatias emprimárias quando são hereditárias, podendo estarassociadas ou não a síndromes e associações. A forma primária clássica de macrognatia tem etiologia hereditária, como na família real alemã-austríaca dos Habsburgos, que dominaram a Europa de Portugal à Transilvânia. Na época, era um “privilégio” ter macrognatia mandibular.
Na macrognatia, os problemas oclusais são exuberantes e a protrusão da mandíbula, gera um aspecto facial característico com os dentes inferiores anteriorespara fora dos superiores, o que é chamado de classe III pelos ortodontistas.
Já a forma secundaria de macrognatia, pode aparecerem adolescentes por crescimento de lesões fibro-ósseas da Displasia Fibrosa dos Maxilares e nos hemangiomas da Doença de Sturge-Weber. Em adultos e idosos o crescimento ocorre na Acromegalia, pela hiperfunção da hipófise, e na Doença de Paget típica de europeus, podendo ser uni ou bilateral.
A macrognatia pode ser relativa ou falsa, ou seja, a mandíbula tem tamanho normal, mas a relação com o osso temporal e a maxila e lhe propicia uma aparência de maior tamanho e que pode também ser um traço familiar hereditário. O defeito apresentado ou prognatismo, pode não estar no tamanho e nem na posição, mas na forma da mandíbula que obedece os vetores de crescimento determinantes na relação com os demais ossos da face.
DIAGNÓSTICO
Os principais sinais e sintomas das alterações de tamanho e posição dos ossos maxilares são a desarmonia facial com implicações estéticas, mal oclusão, alterações na fonação, deglutição, sono, autoimagem e autoestima.
Para fins de diagnóstico, além das boas imagensoferecidas pela tecnologia contemporânea, requer-se uma avaliação das medidas cefalométricas que indicarão asalterações de tamanho ou de posição. Em alguns casos o tratamento ortodôntico pode resolver as questões funcionais e estéticas, mas a maioria requer cirurgias ortognáticas.
REFLEXÕES FINAIS
A endogamia real levou à extinção dos Habsburgos, mas provavelmente não seja a causa de suas mandíbulas maiores. A macrognatia tem a ver com a hereditariedade, como uma marca familiar.
O sofrimento dos macrognatas pode ser mensuradona carta do enviado britânico Alexander Stanhope ao Duque de Shrewsbury, escrevendo sobre sua visita ao rei Carlos: “Ele tem um estômago voraz e engole tudo o que come inteiro, pois sua mandíbula se destaca tanto, que suas duas fileiras de dentes não conseguem se encontrar”.