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Episódio com linha de pipa no Castelão expõe riscos já previstos em leis maranhenses

Lateral-direito Igor Nunes teve o pescoço atingido por uma linha com potencial cortante.

Fonte: Redação

Jogador do Maranhão enroscou o pescoço em uma linha de pipa no último jogo (Foto: Reprodução)

Uma cena tão absurda quanto perigosa marcou a vitória do Maranhão Atlético Clube (MAC) por 3 a 0 sobre o Maracanã-CE, no último sábado (19), pela Série D do Campeonato Brasileiro, no Estádio Castelão, em São Luís. Durante um lance de ataque do MAC, o lateral-direito Igor Nunes teve o pescoço atingido por uma linha de pipa, com potencial cortante. O susto foi grande e por pouco não se transformou em tragédia diante de milhares de torcedores.

“Eu tive até a chance de fazer o gol, mas precisei parar. Algo enganchou no meu pescoço e pensei que tinha me machucado gravemente”, contou o jogador após a partida. Apesar da tensão, ele permaneceu em campo até o apito final. O episódio reacendeu o alerta para um problema recorrente em São Luís: o uso de linhas cortantes, como o cerol e a linha chilena, já proibidos por legislação estadual e com fiscalização prevista em lei.

Perigo que a lei já reconhece

O que aconteceu com Igor Nunes não foi um incidente isolado. O Maranhão possui legislação vigente para coibir exatamente esse tipo de risco. A Lei Estadual nº 11.344/2020, sancionada pelo então governador Flávio Dino, proíbe a fabricação, comercialização e uso do cerol — mistura de vidro moído com cola — e da linha chilena, feita com quartzo moído e óxido de alumínio. Ambas são extremamente cortantes e têm sido responsáveis por acidentes com gravidade, inclusive fatais.

A lei prevê sanções e atribui ao Procon/MA a responsabilidade pela fiscalização da venda desses produtos, com base no Código de Defesa do Consumidor. O artigo 6º do CDC assegura o direito à proteção da vida e da segurança contra riscos provocados por produtos e práticas perigosas.

Campanhas de conscientização também já foram aprovadas

Em novembro de 2023, a Câmara Municipal de São Luís aprovou o Projeto de Lei nº 203/23, de autoria do vereador Dr. Gutemberg Araújo, que cria a “Semana Municipal de Conscientização e Prevenção do Uso do Cerol”, a ser realizada na última semana de junho. A proposta foi elaborada a partir de uma demanda da comunidade de motociclistas da capital, que já sofreu diretamente com os perigos dessas linhas cortantes.

“É difícil imaginar que uma brincadeira aparentemente inocente, como empinar pipa, possa causar mortes ou deixar sequelas irreversíveis. Infelizmente, já temos casos registrados em São Luís”, destacou Dr. Gutemberg.

Um dos casos mais trágicos foi a morte do empresário Sandro Schons, que caiu de parapente na praia do Calhau após seu equipamento ser atingido por uma linha de pipa.

Legislação penal também se aplica

Além da legislação estadual e municipal, o uso de cerol e linhas cortantes também é enquadrado no Código Penal Brasileiro. Trata-se de uma prática criminosa, passível de responsabilização inclusive quando cometida por menores — nestes casos, os adolescentes podem ser apreendidos e encaminhados às autoridades competentes.

“A pipa legal é a pipa sem cerol”

Com a repercussão do ocorrido no Castelão, o alerta se torna ainda mais urgente. A combinação entre estádios, vias movimentadas e brincadeiras com pipas pode ser fatal. O presidente do Moto Clube Patriotas Brasil, Rogério Brabozão, reforçou o apelo: “Temos que coibir o uso de cerol. Precisamos de mais consciência e ação preventiva”.

A fala do jogador Igor Nunes, em campo, também ecoa como um aviso direto: “É complicado, no dia de jogo, ter esse tipo de coisa acontecendo. Poderia ter sido algo muito pior”.

O fato é que as leis já existem. Resta agora o comprometimento das autoridades e da sociedade com a fiscalização, o cumprimento das normas e a educação preventiva — para que uma simples linha de pipa não continue ameaçando vidas.

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