Nem toda tontura é labirintite!

Devemos, em primeiro lugar, compreender que tontura e vertigem são sintomas e, como tais, exigem um diagnóstico preciso para que o tratamento adequado seja instituído.

Fonte: Dr. Evaldo Macau - Médico Otorrinolaringologista | CRM-MA 10415 | RQE 3698 | Clínica Rhinus – Executive Lake Center, Sala 405, Rua das Andirobas, nº 10, Jardim Renascença, WhatsApp (98) 99237-8977

É muito comum, tanto em consultórios médicos quanto em unidades de pronto atendimento, que pacientes recebam o diagnóstico de labirintite ao primeiro sinal de sintomas como tontura ou vertigem. Apesar de a labirintite ser uma das possíveis causas desses sintomas, a labirintite infecciosa – a “verdadeira labirintite” – é, na prática médica, muito rara.

Devemos, em primeiro lugar, compreender que tontura e vertigem são sintomas e, como tais, exigem um diagnóstico preciso para que o tratamento adequado seja instituído.

O que se observa, no entanto, é um número expressivo de pessoas que se auto diagnosticam como portadoras de labirintite, ou que recebem esse diagnóstico de forma equivocada por profissionais sem preparo adequado. Como consequência,acabam utilizando por anos medicamentos desnecessários ou submetendo-se a terapias complementares sem sequer conhecer corretamente o nome da doença que possuem.

Diante dessa realidade, sociedades médicas – entre elas a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) – e médicos otorrinolaringologistas dedicados à otoneurologia (área que estuda as doenças do labirinto) têm promovido campanhas nas mídias sociais e nos consultórios alertando sobre os riscos de rotular toda tontura ou vertigem como “labirintite”. Essa postura busca esclarecer que esses sintomas sempre merecem investigação diagnóstica por um profissional capacitado, pois existem inúmeras doenças diferentes que podem se manifestar de maneira semelhante.

Somente o médico com formação adequada é capaz de colher uma boa história clínica e realizar um exame físico detalhado para, assim, chegar à hipótese diagnóstica mais provável e indicar exames complementares quando necessários.

Aproximadamente 80% das causas de tontura e vertigem podem ser identificadas em uma consulta médica bem conduzida.

Por exemplo, a causa mais comum de vertigem – a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), conhecida popularmente como “labirintite dos cristais” – pode serdiagnosticada no momento da consulta. O tratamento, por sua vez, muitas vezes é realizado imediatamente, por meio de manobras terapêuticas específicas, com potencial de cura imediata.

Além disso, algumas causas de tontura são graves e exigem atendimento urgente, como os acidentes vasculares encefálicos (“derrames”), especialmente os que afetam o cerebelo, e doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla. Não é incomum encontrarmos, nos consultórios de otorrinolaringologia, pacientes com sequelas dessas doenças graves que foram tratados como portadores de “labirintite”, o que agravou os sintomas e levou, em alguns casos, à incapacidade física permanente por falta de diagnóstico correto.

Portanto, já passou da hora de levarmos a sério sintomas como tontura e vertigem, garantindo que os pacientes recebam a avaliação adequada. Apenas o profissional médico, com formação sólida e atualização contínua, é capaz de conduzir corretamente esses casos e oferecer o tratamento mais seguro e eficaz

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