Em entrevista, Brandão fala sobre tarifaço dos EUA e cenário político para 2026

Governador apontou prejuízos específicos no setor de celulose.

Fonte: Redação / Assessoria

Brandão concedeu entrevista para o programa Metrópoles Entrevista (Foto: Divulgação)

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), foi o entrevistado do programa Metrópoles Entrevista, conduzido pelo jornalista Paulo Cappelli, e abordou temas de impacto nacional e estadual, como o aumento de tarifas comerciais imposto pelos Estados Unidos, a articulação com o governo federal, programas sociais em curso no estado e o posicionamento político em relação às eleições de 2026.

Efeitos do tarifaço

Ao comentar o chamado “tarifaço” anunciado pelo governo norte-americano, que prevê aumento de até 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, Brandão minimizou os impactos diretos no Maranhão, mas apontou prejuízos específicos no setor de celulose.

“O Porto do Itaqui exporta soja e milho, sobretudo para a China e Espanha. Porém, as fábricas de celulose da Bahia e do Maranhão, com maior fluxo para os EUA, devem ser afetadas. Estimamos um impacto de cerca de 16% nas exportações do setor”, afirmou.

O governador também destacou que o custo de produtos importados dos EUA só deverá aumentar caso o Brasil adote uma resposta tarifária equivalente, o que considera uma medida extrema. “Se o governo federal reagir com taxações, haverá reflexos no combustível importado que entra pelo Maranhão, com impacto direto no agronegócio”, alertou.

Alinhamento com o governo federal

Ao ser questionado sobre o embate com os Estados Unidos, Brandão defendeu uma resposta coordenada entre os estados e o governo federal. Ele enfatizou seu alinhamento com o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, e criticou qualquer movimento isolado de lideranças regionais.

“Teremos reunião com os governadores do Nordeste e o presidente Lula para debater os desdobramentos do tarifaço. Esse tipo de decisão deve ser liderado pelo governo federal. Sair na frente sem diálogo pode prejudicar o país”, afirmou.

Brandão também observou que tarifas sobre insumos brasileiros podem encarecer produtos finais americanos, o que, segundo ele, pode levar a um eventual recuo da política tarifária por parte do ex-presidente Donald Trump. “Se isso atingir diretamente empresas e empregos nos EUA, o governo americano pode rever a medida”, avaliou.

Avanços sociais e combate à fome

O governador destacou ainda os avanços sociais do Maranhão nos últimos anos. Segundo ele, cerca de um milhão de maranhenses saíram da extrema pobreza, contribuindo para a retirada do Brasil do Mapa da Fome da ONU.

Entre as ações do governo estadual, ele citou o programa Maranhão Livre da Fome, que deve atender mais de 430 mil pessoas. “Lançamos o cartão alimentação de R$ 200, com acréscimo de R$ 50 por filho de até seis anos. Também reduzimos o ICMS da cesta básica, além de promover acesso a exames, medicamentos, cirurgias e cursos profissionalizantes”, disse.

Eleições de 2026 e cenário político

Sobre as eleições de 2026, Brandão foi taxativo: “Este não é o momento para discutir sucessão. O foco é a gestão.” Segundo ele, mais de 3 mil obras foram entregues durante sua administração e desviar a atenção para o debate eleitoral agora seria “colocar o governo em pausa”.

Ele também reafirmou a força política do grupo que lidera, formado por 95% dos prefeitos do estado e ampla maioria nas bancadas estadual e federal. “A condução política precisa ser feita com responsabilidade e unidade”, declarou.

Relação com Flávio Dino

O governador comentou ainda o afastamento recente do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, seu antecessor no Palácio dos Leões. “É um distanciamento natural. Eu estou na política, ele no Judiciário. Sempre respeitei a história que temos, inclusive o ajudei no início da carreira”, disse, minimizando a ausência de convite para o casamento do ex-governador.

Diálogo municipalista

Encerrando a entrevista, Brandão reforçou seu perfil de diálogo com todas as forças políticas e com os gestores municipais. “Tenho aliança com a esquerda, o centro e a direita. O importante é trabalhar para melhorar a vida do povo maranhense, acima de qualquer ideologia”, concluiu.

Publicidade
Carregando anúncio...
Fechar