A crescente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos pode atingir diretamente torcedores brasileiros que planejam acompanhar a Copa do Mundo de 2026. De acordo com apuração do analista de Internacional Lourival Sant’Anna, da CNN Brasil, o presidente Donald Trump avalia a possibilidade de restringir ou até banir a concessão de vistos para cidadãos brasileiros durante o torneio, que será sediado em conjunto por EUA, México e Canadá entre 11 de junho e 19 de julho de 2026.
A medida, considerada polêmica, seria uma estratégia de Trump para pressionar a opinião pública brasileira contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um contexto marcado pela aplicação de tarifas de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil e por sucessivas trocas de acusações entre os dois países. Segundo Sant’Anna, sinais de endurecimento já foram percebidos nesta semana, quando senadores brasileiros em missão oficial em Washington receberam vistos com prazos reduzidos de permanência, algo incomum em visitas diplomáticas desse nível.
Se confirmada, a restrição representará um desafio inédito para torcedores brasileiros. A Seleção Brasileira já está classificada para o mundial e nunca deixou de disputar uma edição do torneio. A Copa de 2026 será a primeira a contar com 48 seleções, ampliando o número de jogos e de torcedores estrangeiros nos estádios americanos. A tensão política entre os dois países, porém, pode transformar a logística de viagem em um problema adicional para a torcida.
Nem a Fifa nem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se pronunciaram oficialmente sobre o caso. A entidade máxima do futebol brasileiro, no entanto, já acompanha o tema de perto e avalia discutir o assunto com o governo federal para proteger o direito dos torcedores. A Fifa, presidida por Gianni Infantino — aliado político de Trump em eventos esportivos recentes —, também deverá se posicionar à medida que o torneio se aproxime.
Em declarações recentes, Infantino reiterou que os torcedores internacionais “serão bem-vindos” no mundial. Apesar disso, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, ressaltou que visitantes “devem voltar para casa” assim que os jogos terminarem, sinalizando uma postura rígida em relação à permanência de estrangeiros após o evento.
O tema ganha ainda mais relevância diante do calendário esportivo futuro: além da Copa, os Estados Unidos também sediarão a Olimpíada de 2028, em Los Angeles, ainda dentro do mandato de Trump, o que pode manter em aberto a discussão sobre vistos e restrições para brasileiros e outros estrangeiros durante grandes eventos internacionais.