O governo brasileiro avalia adotar medidas emergenciais para reduzir os efeitos do tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos nacionais. Entre as alternativas discutidas está a aquisição desses itens pelo próprio governo para destiná-los a programas sociais, como merenda escolar e segurança alimentar. A estratégia busca absorver parte da produção que perderá espaço no mercado americano e evitar prejuízos imediatos para empresas e produtores.
A proposta foi debatida nesta sexta-feira (1º) em Brasília durante reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), cujo estado está entre os mais afetados pela medida norte-americana, especialmente nos setores de pescados e alimentos.
Segundo Haddad, a União pretende manter diálogo constante com os governos estaduais e exportadores para encontrar soluções integradas. “Nossa avaliação é de que vamos conseguir lidar com a situação. Consegui tranquilizar o governador e estamos à disposição para seguir conversando e construindo alternativas”, disse o ministro após o encontro.
Elmano de Freitas sugeriu que estados e municípios também comprem produtos que originalmente seriam exportados para os EUA, ajudando a escoar a produção local. “Trouxemos a possibilidade de aquisição pelo governo, seja do Estado do Ceará, seja pelos nossos municípios”, afirmou o governador.
Paralelamente, o governo federal busca manter a via diplomática aberta com Washington para tentar reverter ou atenuar as tarifas. Haddad revelou que está em contato frequente com o secretário do Tesouro americano, Scott Besset, e que uma reunião mais aprofundada sobre a decisão “unilateral” dos EUA deve ocorrer na próxima semana.
Além do tema tarifário, o encontro com autoridades americanas deve abordar a Lei Magnitsky — legislação que permite sanções a indivíduos acusados de corrupção e violações de direitos humanos — e esclarecer como funciona o sistema judiciário brasileiro, diante do que o ministro considera “desinformação” sobre o assunto. “Relações comerciais não devem ser contaminadas por avaliações políticas”, completou Haddad.