Os Estados Unidos apresentaram ao governo libanês um plano abrangente que prevê o desarmamento completo do Hezbollah até o final de 2025, além da retirada gradual das tropas israelenses de cinco posições no sul do Líbano. A proposta, revelada em uma agenda do gabinete libanês obtida pela agência Reuters, também inclui o encerramento das operações militares de Israel em território libanês.
A iniciativa foi levada a Beirute pelo enviado americano Tom Barrack e representa o esforço mais estruturado até agora para reduzir a influência militar do Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã e que tem resistido a apelos internacionais para se desmobilizar desde a guerra com Israel em 2023.
De acordo com o ministro da Informação do Líbano, Paul Morcos, o governo libanês sinalizou concordância com os objetivos gerais do plano, incluindo a retirada israelense, mas não entrou em detalhes sobre como ele seria executado. Representantes do Departamento de Estado dos EUA não comentaram oficialmente, e ministros libaneses também não foram encontrados para se pronunciar.
O Hezbollah, por sua vez, não se manifestou publicamente. Fontes políticas relataram à Reuters que os ministros ligados ao grupo e a aliados xiitas deixaram a reunião do gabinete em protesto contra a discussão da proposta.
A proposta americana surge em meio a crescentes violações do cessar-fogo negociado em novembro passado, com relatos de ataques aéreos e incursões israelenses que ameaçam comprometer a frágil trégua. O plano é dividido em quatro fases:
Fase 1: Dentro de 15 dias, o governo do Líbano deve emitir um decreto assumindo o compromisso de desarmar totalmente o Hezbollah até 31 de dezembro de 2025. Nesse mesmo período, Israel cessaria suas operações militares em terra, no ar e no mar.
Fase 2: Em até 60 dias, o Líbano iniciaria a implementação de um plano detalhado para colocar todas as armas sob controle estatal, com apoio logístico do exército. Simultaneamente, Israel começaria a se retirar de três das cinco posições que ocupa no sul do país, enquanto prisioneiros libaneses detidos seriam libertados com acompanhamento da Cruz Vermelha.
Fase 3: Dentro de 90 dias, as duas últimas posições israelenses seriam desocupadas. Estaria garantido o financiamento internacional para ações emergenciais de limpeza de escombros e início da reabilitação da infraestrutura local.
Fase 4: No prazo de 120 dias, todas as armas pesadas ainda em posse do Hezbollah, como mísseis e drones, deveriam ser desmanteladas. Para consolidar a iniciativa, EUA, França, Arábia Saudita, Catar e outros países aliados convocariam uma conferência internacional voltada à recuperação econômica e reconstrução do Líbano, com o objetivo de restaurar sua viabilidade como nação próspera.
O plano, embora ambicioso, enfrenta resistência política interna e externa. Ainda assim, representa um novo capítulo nas tentativas diplomáticas de estabilizar a fronteira sul do Líbano e reduzir tensões com Israel, em meio a um cenário de forte instabilidade regional.