O Serviço Social da Indústria (SESI), o Conselho Nacional do SESI e o Ministério da Saúde assinaram um Acordo de Cooperação Técnica para ampliar ações de promoção da saúde mental no setor industrial. O objetivo é criar ambientes de trabalho mais saudáveis, melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e preparar as empresas para lidar com emergências em saúde pública.
De acordo com Anamaria Raposo, responsável pela coordenação das ações junto ao Ministério da Saúde, o programa será desenvolvido em sete eixos estratégicos: emergências climáticas, interoperabilidade de dados, promoção da saúde mental, capacitação, saúde conectada, combate a arboviroses e imunização. Essas iniciativas serão baseadas em pesquisas que vão até dezembro de 2026.
O levantamento nacional será realizado pelos departamentos regionais do SESI em todas as regiões do país, abrangendo 219 empresas de diferentes portes e aproximadamente 16,5 mil trabalhadores. A primeira coleta de dados ocorrerá em setembro de 2025, com a divulgação de um relatório-base, e a segunda em 2026, permitindo acompanhar a evolução dos indicadores. Para isso, será utilizada a ferramenta ASSTI (Avaliação de Saúde e Segurança do Trabalhador da Indústria), que armazenará dados obtidos em entrevistas telefônicas com trabalhadores de 18 estados.
Segundo Raposo, os resultados poderão indicar, por exemplo, índices relevantes de sobrepeso, tabagismo ou hipertensão entre os colaboradores, possibilitando que as empresas promovam ações específicas de prevenção e tratamento.
O psicólogo Edilson José Ferreira de Oliveira, do grupo Mantevida, avalia que o monitoramento periódico é essencial para dar à saúde mental o destaque que merece. Ele ressalta que problemas como a depressão ainda são pouco tratados, muitas vezes por medo ou falta de informação. “Muitos têm depressão e não sabem, e acabam adiando o cuidado. O estigma histórico, associado à ideia de internação e preconceito social, dificulta até que as empresas implementem medidas preventivas. É fundamental criar uma cultura de acolhimento, que vá além do contexto do adoecimento”, reforça o especialista.