
O comércio sempre foi um dos motores da vida econômica de São Luís. Nos séculos XVIII e XIX, a Praia Grande concentrava o movimento mercantil, com o Largo do Comércio e o Mercado das Tulhas como principais centros de venda de grãos e produtos maranhenses. Ali, caixeiros-viajantes espalhavam mercadorias pelo interior, e os pregoeiros davam voz às transações que conectavam a cidade ao Velho Continente.
Hoje, o cenário é outro. A expansão urbana para além do Rio Anil, o crescimento populacional e o surgimento de novos bairros abriram espaço para nove shopping centers, além de galerias e centros comerciais espalhados pela região metropolitana. São Luís modernizou sua dinâmica econômica sem perder a força histórica de seu centro, reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
Mulheres e afroempreendedorismo em destaque
Empreendedoras como Neide Baldez, da Tok Africano, simbolizam essa transição. Antes atuante na Praia Grande, hoje ela divide espaço com outras 20 mulheres da economia criativa na loja colaborativa Feira MA Preta, no Shopping Rio Anil. Sua trajetória exemplifica novas tendências: o fortalecimento da liderança feminina (responsável por 47,4% dos negócios da capital), o afroempreendedorismo, o crescimento da economia criativa e a adoção de modelos colaborativos de comércio.
“São Luís é uma cidade rica em cultura e criatividade. Mesmo com os desafios, como falta de incentivo e valorização, temos um solo fértil. Nossa história e nossa gente nos motivam a resistir e a criar”, afirmou Neide.
A força dos pequenos negócios
Dados do Sebrae (agosto de 2025) mostram que 95% das empresas formais de São Luís são pequenos negócios. Ao todo, a cidade possui 112.145 empresas ativas, das quais 100.591 são micro, pequenas empresas ou MEIs. O setor de serviços lidera com 53,6%, seguido pelo comércio (33,6%) e pela indústria e construção (12,4%).
Entre os segmentos mais presentes estão o comércio varejista de vestuário, salões de beleza, restaurantes, lanchonetes e serviços de promoção de vendas. Os bairros com maior concentração de negócios incluem Renascença, Turu, Centro, Calhau, Cidade Operária, Cohama, São Cristóvão, São Francisco, Vinhais e Olho d’Água, além da região do Itaqui-Bacanga, influenciada pela atividade portuária.
O perfil dos empreendedores revela equilíbrio entre homens (54,6%) e mulheres (47,4%), com predominância feminina no setor de serviços. A maior parte dos sócios de pequenos negócios tem entre 18 e 46 anos (65,6%).
Perspectivas e desafios
Para o superintendente do Sebrae, Albertino Leal, a vitalidade dos pequenos negócios reforça o compromisso da instituição:
“Nosso presente para São Luís é o apoio permanente ao empreendedor, fortalecendo negócios e estimulando o desenvolvimento local.”
Já o empresário Hugo Goulart, do Complexo Salvatore, avalia com otimismo o futuro:
“Temos grande potencial em turismo, serviços e logística portuária. O desafio é tornar o ambiente de negócios mais favorável, com gestão pública ágil e políticas que facilitem a vida de quem empreende.”
Aos 413 anos, São Luís reafirma sua identidade: uma cidade onde comércio, serviços e cultura caminham juntos, e onde o empreendedorismo segue como força vital para o desenvolvimento econômico.