
A startup maranhense Apoena Bioindustrial, sediada em Coroatá, foi selecionada para representar o Brasil na COP30, em Belém (PA), em novembro, com soluções inovadoras voltadas ao aproveitamento integral do babaçu. A empresa conquistou a vaga ao vencer um Demoday do Hub de Inovação Climática, realizado em São Paulo, uma iniciativa do Impact Hub em parceria com a PoMuC e a GIZ, superando mais de 100 projetos concorrentes.
Entre as tecnologias que serão apresentadas na conferência está um aditivo bioativo voltado ao agronegócio, desenvolvido para reduzir o consumo de CO₂ nas operações e otimizar custos. O produto é fruto de um modelo que une pesquisa e desenvolvimento (P&D), processos industriais limpos e valorização do conhecimento tradicional das comunidades extrativistas. “O babaçu é um ativo da sociobiodiversidade. Transformá-lo integralmente significa gerar valor local, inclusão e florestas em pé”, afirma Márcia Werle, CEO da Apoena Bioindustrial.
A matriz tecnológica da empresa tem como base o uso integral do coco babaçu — casca, mesocarpo e amêndoa — para a criação de insumos sustentáveis que substituem matérias-primas fósseis e reduzem a pegada de carbono. Além do foco ambiental, a startup articula parcerias com cooperativas e associações de quebradeiras de coco, fortalecendo a renda e as condições de trabalho de comunidades extrativistas.
O potencial do babaçu no Brasil é expressivo: segundo dados citados pela empresa, há cerca de 25 milhões de hectares de babaçuais, com capacidade produtiva de 62,5 milhões de toneladas por ano. No entanto, apenas 6% das áreas são exploradas e 7% do fruto é aproveitado, o que evidencia um grande espaço para expansão sustentável. A Apoena pretende reverter esse subaproveitamento com tecnologia, inovação e organização da cadeia produtiva.
Durante a COP30, a startup estará presente no Espaço Sebrae, ao lado da loja Assobio (parceria com o Mercado Livre), e também na área do Impact Hub/GIZ, participando de rodadas de negócios, conexões com investidores e apresentações de pitchs. “É uma chance de abrir mercado e dar visibilidade às comunidades que sustentam essa cadeia”, destaca Werle.
O projeto da Apoena conta com o apoio de instituições de fomento e inovação, como a FAPEMA (por meio do Projeto Centelha), o Sebrae (com os programas Inova Amazônia, Inova Cerrado, Sebraetec e consultorias especializadas) e a Finep. Para Cesar Guimarães, gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae no Maranhão, a Apoena “mostra como inovação e biodiversidade podem caminhar juntas, com impacto socioambiental mensurável e potencial de escala”.
A presença da empresa maranhense na COP30 reforça o protagonismo regional na agenda de bioeconomia e sustentabilidade, conectando saber tradicional, ciência e tecnologia em favor de um modelo econômico mais inclusivo e de baixo carbono.