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Estudo detecta Leptospira em peixes e acende alerta para transmissão em ambientes aquáticos

Análise com 42 exemplares em lagoas da Baixada Maranhense identifica sorovares de importância em humanos e animais.

Fonte: Redação / Assessoria
Presença de leptospirose foi identificada em
espécies de peixes na Baixada Maranhense (Foto: Divulgação)

Um estudo realizado na comunidade de Ponta Bonita, em Anajatuba, identificou anticorpos contra Leptospira sp. em peixes capturados em lagoas locais, ambiente típico da Baixada Maranhense sujeito ao regime de cheias e secas. Os resultados sugerem que espécies aquáticas podem atuar como hospedeiras na cadeia epidemiológica da leptospirose, zoonose de grande impacto em regiões tropicais.

Como foi a pesquisa

Foram analisados 42 peixes adultos: 21 Hoplerythrinus unitaeniatus (jeju) e 21 Cichlasoma bimaculatum (acará-preto). Os animais foram transportados vivos para o Laboratório de Parasitologia da UEMA, onde passaram por coletas de sangue. Os soros foram submetidos à Soroaglutinação Microscópica (SAM) para detecção de anticorpos anti-Leptospira frente a 25 sorovariedades do complexo mantidas no banco da USP.

A equipe também aferiu parâmetros físico-químicos da água (temperatura, pH e salinidade) com instrumento multiparâmetro, buscando relacionar condições ambientais à circulação do agente infeccioso. “A análise da qualidade da água é essencial para entender como o ambiente influencia a circulação da Leptospira nos peixes”, explicou a pesquisadora Isabela Alves Paiva.

O que foi encontrado

A análise revelou aglutininas anti-Leptospira em parte das amostras, indicando exposição prévia à bactéria. Entre os sorovares identificados, destacam-se Australis, Bratislava, Autumnalis, Canicola, Copenhageni e Tarassovi, reconhecidos por sua relevância na transmissão da doença em animais e humanos.
“Os resultados apontam que os peixes podem ter um papel ainda não totalmente compreendido na epidemiologia da doença”, afirma Isabela Paiva.

Por que importa

A leptospirose está associada a ambientes úmidos e águas contaminadas, comuns na região. A presença de marcadores de exposição em peixes levanta hipóteses sobre rotas de manutenção e disseminação do agente em ecossistemas aquáticos, com potenciais reflexos para a saúde pública e a biodiversidade.

Próximos passos e recomendações

A pesquisadora defende ampliar os estudos para elucidar a dinâmica de transmissão na fauna aquática. Entre as medidas preventivas sugeridas estão:

  • Monitoramento sanitário da qualidade da água;

  • Controle de hospedeiros intermediários e vetores;

  • Campanhas de conscientização para comunidades ribeirinhas e pescadores sobre riscos e cuidados.

“É importante aprofundarmos os estudos sobre a transmissão da leptospirose na fauna aquática, pois isso pode trazer novas perspectivas para o controle da doença”, conclui Isabela Paiva.

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