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Maranhão tem menor cobertura vacinal contra sarampo, caxumba e rubéola no Nordeste

Apesar do avanço da vacinação, especialistas alertam para o risco de reintrodução de doenças como poliomielite e sarampo

Fonte: Da redação

Apesar de registrar avanços consistentes desde 2023, o Brasil ainda enfrenta desafios na cobertura vacinal e corre o risco de ver o retorno de doenças já controladas, como sarampo, poliomielite e rubéola. O alerta consta no Anuário VacinaBR, elaborado pelo Instituto Questão de Ciência (IQC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O levantamento mostra que, embora estratégias como a vacinação em escolas tenham elevado a cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário infantil nos últimos dois anos, persistem desigualdades regionais e altas taxas de abandono de esquemas vacinais. No Nordeste, o Maranhão ocupa a pior posição na imunização contra sarampo, caxumba e rubéola, com apenas 81,1% das crianças vacinadas — bem abaixo da meta nacional de 95%. O problema se agrava com o baixo retorno para a dose de reforço, aplicada em apenas 33,8% dos casos.

A situação também preocupa em outras vacinas. Na imunização contra a febre amarela, o Maranhão aparece em quinto lugar no ranking nordestino, com 66,5% da população protegida. Segundo a enfermeira e professora do Idomed São Luís, Mara Izabel Carneiro, as diferenças regionais são expressivas e refletem desigualdade de acesso aos serviços de saúde. “Enquanto o Ceará registra cobertura superior a 59% em alguns esquemas, estados como Acre e Espírito Santo permanecem bem abaixo das metas”, observa.

Entre os fatores que explicam a baixa adesão, a especialista destaca a desinformação, a dificuldade de acesso e o abandono de esquemas de múltiplas doses. “O não comparecimento aos postos, somado à perda de confiança nas vacinas e ao descumprimento dos reforços, tem impacto direto na proteção coletiva”, afirma.

O resultado é o reaparecimento de doenças que haviam sido eliminadas do território brasileiro. Casos de sarampo voltaram a ser notificados a partir de 2018, levando à perda do certificado de erradicação da doença. A poliomielite, embora ainda erradicada, é considerada de alto risco de reintrodução pelo Ministério da Saúde, já que a cobertura está abaixo de 80% em vários estados. No Maranhão, a primeira dose chega a 91,6%, mas cai para 55,6% na segunda dose de reforço.

A varicela também apresentou índices alarmantes, com apenas 3% da população vivendo em municípios que atingiram a meta de imunização em 2023. A tríplice viral registrou taxas de abandono superiores a 50% em algumas regiões, e a cobertura da poliomielite recuou cerca de 20% em uma década — de 96% em 2012 para 77% em 2022.

Para especialistas, a reversão desse quadro exige foco no enfrentamento da hesitação vacinal e na ampliação do acesso em áreas remotas. “O Brasil precisa recuperar a confiança pública e garantir a regularidade da vacinação. A retomada das coberturas ideais é essencial para manter o controle de doenças graves e preservar a proteção coletiva”, conclui Mara.

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