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Greve de rodoviários se espalha e provoca nova interrupção no transporte público de São Luís

Diante da ausência de acordo, há preocupação de que a paralisação se amplie nos próximos dias

Fonte: Da redação

A semana começou com um novo agravamento na crise do transporte público da Grande São Luís. Na manhã desta segunda-feira, o Expresso Marina suspendeu completamente as atividades após empregados relatarem que foram convocados para assinatura da folha de pagamento, mas não receberam os salários devidos. A paralisação amplia os efeitos da greve já em curso na empresa 1001 desde a última sexta-feira, ampliando a quantidade de bairros e corredores afetados pela falta de ônibus e impondo longas esperas a milhares de passageiros em horário de pico.

Com a interrupção do Expresso Marina, linhas que atendem áreas extensas da Cidade Operária, Cidade Olímpica, Janaína, Tropical e bairros vizinhos amanheceram sem circulação. A empresa opera entre 60 e 70 veículos e concentra parte importante da mobilidade na região. Motoristas e cobradores afirmam que, além do atraso salarial, há pendências relacionadas a benefícios trabalhistas previstos na convenção coletiva. A adesão foi considerada imediata porque, segundo o sindicato, não havia qualquer previsão de regularização por parte da empresa.

A situação se soma à paralisação da 1001, que mantém mais de duzentos ônibus recolhidos desde a semana passada. A falta de veículos tem provocado dificuldades para moradores de diversos bairros de São Luís e São José de Ribamar, especialmente em regiões que dependem exclusivamente do serviço operado pela empresa. A categoria aponta atrasos de salários, falta de pagamento de plano de saúde, tíquete alimentação e outras obrigações contratuais. Segundo o sindicato, aproximadamente quinze comunidades seguem com a oferta de viagens drasticamente reduzida desde o início da greve.

Em meio ao impasse, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís argumenta que a crise se agravou porque a Prefeitura não realizou o repasse de cerca de sete milhões de reais em subsídios desde o início de novembro. A entidade afirma que o sistema depende desse recurso para arcar com pagamentos salariais e cumprir determinações fixadas pelo Tribunal Regional do Trabalho. Para o setor empresarial, o condicionamento imposto pelo Município, que prevê a liberação dos subsídios apenas com a frota operando integralmente, contraria a decisão judicial que estabeleceu operação mínima de oitenta por cento desde a última greve, em fevereiro deste ano.

O documento encaminhado pelo SET à gestão municipal no início de novembro, no contexto das discussões sobre a convenção coletiva de 2026, descreve um ambiente de instabilidade jurídica e operacional. A entidade sustenta que o Município não tem demonstrado disposição para firmar acordo, o que teria mantido indefinidas cláusulas essenciais para empregados e empregadores. O sindicato patronal alega ainda que outras empresas vivem situação semelhante à da 1001 e do Expresso Marina, o que pode desencadear nova onda de paralisações caso os repasses não sejam regularizados com urgência.

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes, por sua vez, reforçou em nota que a condução das questões trabalhistas é responsabilidade direta do sindicato das empresas, e que cabe às partes envolvidas buscar entendimento para garantir continuidade do serviço. A pasta afirmou aguardar que empregadores e rodoviários cheguem a uma solução, já que o transporte público é considerado essencial para a população. O órgão não mencionou previsão de repasses nem eventuais medidas emergenciais para minimizar os impactos sobre os usuários.

O Governo do Estado também se manifestou por meio da Agência Estadual de Mobilidade Urbana, esclarecendo que não tem atribuição legal sobre relações trabalhistas das concessionárias e reafirmando que o subsídio estadual destinado ao sistema semiurbano tem sido pago regularmente. A agência declarou que sua atuação se limita à regulação e fiscalização do serviço, sem interferência na gestão financeira interna das empresas.

Diante da ausência de acordo, há preocupação de que a paralisação se amplie nos próximos dias. Tanto o SET quanto o Sindicato dos Rodoviários alertam que outras operadoras enfrentam atrasos nas obrigações trabalhistas e podem aderir ao movimento caso o impasse persista. Para os trabalhadores, a situação atual inviabiliza a manutenção das atividades, enquanto as empresas atribuem a crise à falta de recursos provenientes do subsídio municipal. Com duas operadoras já paradas e sem perspectiva de negociação imediata, o transporte público na Grande São Luís atravessa uma das situações mais delicadas desde o início do ano.

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