A Polícia Federal prendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã deste sábado, 22 de novembro, após determinação do Supremo Tribunal Federal. A decisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, se refere a uma prisão preventiva motivada por risco à ordem pública e por indícios de descumprimento das medidas cautelares anteriormente impostas ao ex-presidente. A medida não está vinculada ao processo no qual Bolsonaro já foi condenado pelos atos de 8 de janeiro, mas decorre de fatos recentes analisados no âmbito do STF.
Segundo a decisão, a prisão foi decretada após o senador Flávio Bolsonaro convocar uma vigília de apoiadores em frente ao condomínio do ex-presidente na noite anterior. Moraes afirmou que a mobilização poderia ser usada para dificultar a fiscalização das medidas judiciais e criar condições para uma possível fuga. O ministro registrou ainda que o Centro de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a violação da tornozeleira eletrônica às 0h08 deste sábado, informação considerada determinante para a decisão.
O documento menciona que, em investigação anterior, já havia sido identificado um planejamento de fuga por parte do ex-presidente, envolvendo a possibilidade de deslocamento para a embaixada da Argentina com pedido de asilo. Moraes observou que a curta distância entre o condomínio onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar e o Setor de Embaixadas Sul facilitaria uma tentativa desse tipo.
Além disso, a decisão cita que parlamentares próximos ao ex-presidente, como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, deixaram o país recentemente, o que reforçaria a avaliação sobre risco de evasão. Moraes também incluiu na análise um vídeo divulgado por Flávio Bolsonaro na sexta-feira, que, segundo o ministro, incentivava o descumprimento de decisões judiciais e contrariava determinações constitucionais.
A prisão ocorreu por volta das 6h, sem registro de resistência. Bolsonaro foi levado à sede da Polícia Federal em Brasília, onde passou pelos procedimentos iniciais antes de ser encaminhado à Superintendência da corporação. O ex-presidente ficará em uma Sala de Estado, espaço destinado a autoridades, semelhante ao utilizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando esteve detido na sede da PF em Curitiba entre 2018 e 2019. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava presente no momento da detenção.