Dentes não irrompidos são comuns na região de terceiros molares, em púrpura, e na região dos caninos superiores.
No linguajar comum, dente é uma estrutura formada por tecidos duros ou mineralizados como esmalte, dentina e cemento, mas não é bem assim e devemos informar sobre isto.
Por dentro do dente temos a polpa e, por fora, aderido a raiz, temos o ligamento periodontal, uma membrana mole que separa e liga o dente ao osso. Revestindo a cavidade ou alvéolo onde estão as raízes, temos uma camada de osso fasciculado que também é odontogênico e formado pelo germe dentário. A gengiva fica entre a coroa e a raiz.
Vamos chamar de “dente parcial” o conjunto detecidos duros que saem quando alguém faz uma exodontia, ou seja, esmalte dentina e cemento. E de “dente total” o órgão dentário completo com tecidos moles por dentro e por fora incluindo a polpa, ligamento periodontal e o osso fasciculado.
Quando o dente ainda não apareceu na boca, é popular e erroneamente chamado de incluso, pois ninguém incluiu este dente no osso, ele já estava lá quando os maxilares foram formados. É mais culto chamá-lo de dente não irrompido, o que significa aquele que ainda não irrompeu ou erupcionou.
Ao redor da coroa destes dentes não irrompidos, tem-se aderida uma membrana de tecido mole que formou o dente e agora se atrofiou, chamando-se folículo pericoronário. A função é fazer a erupção acontecer e levar o dente até aparecer e se ajeitar na boca, ajudando a formar a gengiva. Quando dente ainda está em formação podemos chamá-lo de germe dentário. O que iremos chamar de “dente total” inclui também o folículo pericoronário e a gengiva.
Quando as células perdem o controle da proliferação, formam uma massa nova de tecido ou neoplasia (neo=novo; plasia=tecido). Ela pode ser benigna quando cresce de forma lenta e expansiva, ou maligna quando destrói os tecidos vizinhos ao invadi-los. De forma rigorosa, tumor é qualquer expansão ou tumefação que pode ser inflamatória e até neoplásico. Não é tão preciso considerar tumor e neoplasia como sinônimos, mas é o que quase todos fazem no dia a dia, apesar dos pesares. Eu prefiro falar neoplasia em vez de tumor benigno ou maligno.
O IDEAL
Muitos dentes não irrompidos são removidos com a justificativa que podem dar origem a cistos e neoplasias (tumores), mas na hora de removê-los se preocupam apenas em remover o “dente parcial”, ou seja, os tecidos duros, mas não os tecidos moles ao redor da coroa, da raiz e gengivais que ficam aderidos na loja cirúrgica.
A preocupação é que os tecidos moles do “dente total” fiquem na loja cirúrgica e, justamente eles, é que podem dar origem a cistos e neoplasias (tumores). A indicação para remover o dente acaba não sendo real, pois esmalte, dentina, cemento e polpa não dão origem a cistos e neoplasias, e lá dentro, mesmo depois de reparado e clinicamente normal, ficam os remanescentes do ligamento periodontal e gengiva, os tecidos do folículo pericoronário e as partes ainda incompletas do germe dentário.
No interior do osso onde foi removido um “dente parcial”, no tempo, podem aparecer cistos como queratocisto odontogênico, cisto botrioide e outros. Além da possibilidade de aparecer ameloblastoma, fibroma ósseo-cementificante e outros.
Seria interessante localizar, curetar, remover estes tecidos logo depois da saída do “dente parcial”. Tão importante quanto remover, será analisá-los microscopicamente em um laboratório de anatomia patológica que emitirá um laudo sobre como estavam estes tecidos e se havia alguma alteração especial.
REFLEXÃO FINAL
Ao remover um dente da boca, é muito importante analisar os tecidos moles que estão ao seu redor, para se ter certeza de que a prevenção de cistos e neoplasias foi feita com a remoção completa do “dente total” com os tecidos duros e moles efetivamente removidos. Mas, não esqueçamos que existem outras indicações para a remoção destes dentes.