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Endividamento das famílias recua pela primeira vez em nove meses

Pesquisa da CNC registra primeira queda no endividamento após nove meses, com leve recuo da inadimplência

Fonte: Da redação

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, registrou em novembro a primeira queda do endividamento após nove meses consecutivos de alta. O recuo de 0,3% representa um alívio pontual às vésperas do fim do ano, mas não altera o quadro de forte pressão sobre o orçamento das famílias. O percentual de endividados passou de 79,5% em outubro para 79,2%, retornando ao nível observado em setembro, porém acima dos 77% registrados no mesmo mês de 2024.

A inadimplência também diminuiu, de 30,5% para 30%, retornando ao patamar de julho, embora permaneça superior à taxa de 29,4% de um ano antes. O grupo que declarou não ter condições de pagar dívidas em atraso caiu de 13,2% para 12,9%, menor nível desde agosto e equivalente ao registrado em novembro de 2024. O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, avalia que, mesmo com juros elevados, houve melhora na percepção e na composição das dívidas, em um período marcado por gastos típicos de fim de ano, recebimento do 13º salário e reorganização financeira.

A análise da profundidade do endividamento mostra queda na parcela dos que se consideram “muito endividados”, agora em 16%, e aumento do grupo que se declara “pouco endividado”, com 32,8%. Ao mesmo tempo, o percentual de famílias com dívidas superiores a um ano subiu pelo terceiro mês consecutivo e atingiu 32,1%.

A inadimplência mais prolongada também mostrou leve melhora. A fatia de famílias com contas em atraso há mais de 90 dias caiu de 49% para 48,5%, reduzindo parcialmente o impacto dos juros acumulados. Entre os consumidores com maior comprometimento de renda, houve recuo após dois meses de alta: a parcela que destina mais da metade do orçamento ao pagamento de dívidas caiu de 19,1% para 18,8%. A maioria, 56,7%, segue comprometendo entre 11% e 50% da renda, resultando em comprometimento médio de 29,5% em novembro.

No mercado de crédito, porém, os dados ainda sugerem cautela. A inadimplência de 90 dias em operações com recursos livres para pessoas físicas atingiu 6,7% em outubro, equivalente a R$ 159 bilhões em atraso, o maior volume da série histórica. A desaceleração das concessões de crédito livre nos últimos 12 meses, que passaram de alta de 14,3% em abril para 10,3% em outubro, reflete o impacto dos juros elevados e a demanda mais fraca por financiamento.

O recorte por renda indica redução do endividamento na maior parte dos grupos, com queda mais acentuada entre famílias que ganham acima de dez salários mínimos. O grupo com renda entre cinco e dez salários mínimos foi o único a registrar aumento. Já a inadimplência recuou em todas as faixas, com destaque para famílias com renda entre três e cinco salários mínimos, que também lideraram a redução do grupo que afirma não ter condições de pagar dívidas em atraso.

Para o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o comércio apresenta relação direta com o acesso ao crédito, que ao mesmo tempo pode elevar o risco de endividamento. Ele observa que muitos consumidores utilizam a Black Friday para antecipar compras e quitam as faturas com a segunda parcela do 13º salário, estratégia que, na avaliação da entidade, ajuda a mitigar os efeitos dos juros elevados, especialmente os do cartão de crédito.

As projeções da CNC indicam que, apesar do recuo esperado para dezembro, 2025 deve terminar com aumento de 2,4 pontos percentuais no endividamento e 0,5 ponto na inadimplência em relação ao fim de 2024, mantendo o custo do crédito e o risco de atraso como temas centrais da agenda econômica de 2026.

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