
Um júri de Los Angeles, nos Estados Unidos, decidiu na sexta-feira conceder uma indenização de US$ 40 milhões a duas mulheres que alegam ter desenvolvido câncer de ovário em decorrência do uso de talco fabricado pela Johnson & Johnson. A empresa informou que irá recorrer da decisão, tanto em relação à responsabilidade quanto aos valores fixados.
O julgamento é mais um capítulo de uma disputa judicial que se estende há anos e envolve acusações de que produtos à base de talco da companhia estariam associados ao desenvolvimento de câncer de ovário e de mesotelioma, um tipo raro de câncer que afeta os pulmões e outros órgãos. A Johnson & Johnson encerrou a venda de talco em pó em todo o mundo em 2023, após reduzir gradualmente a comercialização desses produtos em mercados-chave.
No caso analisado agora, o júri determinou o pagamento de US$ 18 milhões a Monica Kent e de US$ 22 milhões a Deborah Schultz e ao marido dela. Segundo os autos, as autoras alegaram que utilizaram produtos da marca por décadas e que a exposição teria contribuído para o desenvolvimento da doença. O advogado das vítimas afirmou que elas foram consumidoras fiéis da empresa por cerca de 50 anos.
A decisão ocorre poucos meses depois de outro júri da Califórnia ter condenado a Johnson & Johnson ao pagamento de US$ 966 milhões à família de uma mulher que morreu de mesotelioma. Naquele caso, a acusação sustentou que o câncer teria sido causado por contaminação do talco com amianto, substância considerada cancerígena.
Em resposta ao veredicto mais recente, a Johnson & Johnson reiterou sua posição de que os produtos são seguros. Em comunicado, Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da companhia, afirmou que a empresa obteve vitória em 16 dos 17 casos de câncer de ovário julgados anteriormente e que espera reverter a decisão por meio de recurso. Ele também declarou que o entendimento do júri contraria avaliações científicas independentes que, segundo a empresa, não encontraram relação entre o uso do talco e o desenvolvimento de câncer.
A Johnson & Johnson substituiu o talco por amido de milho em grande parte de seus produtos na América do Norte a partir de 2020, em meio à queda nas vendas e ao aumento das disputas judiciais. Em abril deste ano, um juiz de um tribunal de falências dos Estados Unidos rejeitou o plano da companhia de destinar US$ 9 bilhões para encerrar ações relacionadas a câncer de ovário e outros tipos de câncer ginecológico associados a produtos com talco.