
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações sigilosas de ações policiais para beneficiar investigados com ligação com o Comando Vermelho (CV). O principal alvo desta etapa é o desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Macário Judice Neto, que foi preso e conduzido à sede da PF.
De acordo com as investigações, o magistrado é suspeito de ter repassado informações sensíveis relacionadas à Operação Zargun, responsável pela prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias (MDB). O desembargador atua como relator do processo envolvendo o ex-parlamentar no TRF-2.
A Polícia Federal aponta que Macário Judice Neto estaria ao lado do então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), no momento em que este teria telefonado para TH Joias com o objetivo de alertá-lo sobre a deflagração da operação policial. O contato teria ocorrido enquanto ambos estavam em um restaurante.
Os indícios se fortaleceram após a análise do telefone celular de Rodrigo Bacellar, apreendido durante as investigações. No aparelho, foram identificadas trocas de mensagens entre o ex-presidente da Alerj e o desembargador, consideradas elementos centrais para fundamentar a nova fase da operação.
Rodrigo Bacellar foi preso no dia 3 de dezembro, ainda no exercício do cargo de presidente da Alerj, sob suspeita de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun. Ele é investigado por crimes como tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro. Já TH Joias responde a investigações por tráfico, corrupção, lavagem de dinheiro e também por suposta negociação de armas com o Comando Vermelho.
Macário Judice Neto retornou à magistratura em 2023, após permanecer 17 anos afastado por decisões judiciais relacionadas a denúncias do Ministério Público Federal (MPF). Em 2005, o TRF-2 determinou seu afastamento em uma ação penal que apurava sua possível participação em um esquema de venda de sentenças quando atuava como juiz federal no Espírito Santo.
Outro ponto levantado pela investigação envolve Flávia Judice, esposa do desembargador, que atuava no gabinete da diretoria-geral da Alerj até o início do mês passado, período em que as apurações já estavam em andamento.
A Polícia Federal informou que as investigações continuam e que novas diligências não estão descartadas.