O lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano terminou em falha na noite desta segunda-feira (22), após o veículo explodir cerca de 50 segundos depois da decolagem do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. A tentativa marcou o primeiro lançamento comercial realizado a partir do Brasil, mas foi interrompida ainda na fase inicial do voo.
A explosão pôde ser observada a olho nu por moradores de Alcântara e São Luís. Durante a transmissão oficial, a equipe responsável informou a ocorrência de uma anomalia, com a exibição da mensagem “We experienced an anomaly during the flight”. Até o momento, não foram divulgados detalhes técnicos sobre o que provocou a falha.
Carga científica e educacional
A missão, chamada Spaceward, levava oito dispositivos considerados experimentais, sendo sete brasileiros e um indiano. Entre eles estavam cinco satélites e três equipamentos destinados a pesquisas científicas em áreas como tecnologia espacial e comunicação. Os experimentos foram desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia e acompanhados por uma equipe de 27 profissionais.
Entre os destaques da carga estavam dois nanossatélites produzidos pela Universidade Federal de Santa Catarina, voltados ao estudo de sistemas de comunicação de baixo consumo energético aplicados à Internet das Coisas. O foguete também transportava um satélite educacional com testes de painéis solares, instrumentos de navegação e mensagens de estudantes da rede pública, incluindo alunos de comunidades quilombolas.
Detalhes da operação
O HANBIT-Nano tem 21,8 metros de comprimento, 1,4 metro de diâmetro e pesa cerca de 20 toneladas. A missão previa o envio da carga para a órbita baixa da Terra (LEO), a aproximadamente 300 quilômetros de altitude, com inclinação de 40 graus.
Inicialmente previsto para novembro, o lançamento foi adiado cinco vezes, quatro delas apenas na última semana. Segundo a Força Aérea Brasileira, a janela de lançamento — período em que o foguete pode subir com segurança, sem risco de colisões com detritos espaciais — se encerrava nesta segunda-feira.
Investigação da falha
Após o incidente, os dados do voo devem ser analisados para identificar as causas da anomalia. Apesar do desfecho, o lançamento é considerado simbólico para o setor aeroespacial brasileiro, por reforçar o papel estratégico do Centro de Lançamento de Alcântara no mercado internacional de lançamentos.
Até o momento, não há informações sobre danos ambientais ou impactos estruturais na base.
A FAB se manifestou, por meio de nota, após o acidente. Confira abaixo:
A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, nesta segunda-feira (22/12), no contexto da Operação Spaceward, o foguete HANBIT-Nano, da empresa sul-coreana Innospace, foi lançado às 22h13 (horário de Brasília) a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA). Na ocasião, após a saída da plataforma, o veículo iniciou sua trajetória vertical conforme previsto. No entanto, houve uma anomalia no veículo que o fez colidir com o solo.
Uma equipe da FAB e do Corpo de Bombeiros do CLA já foi enviada ao local para análise dos destroços e da área de colisão. Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados foram cumpridas exatamente conforme planejado, garantindo um lançamento controlado e dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial.
As equipes técnicas da Innospace seguem atuando na análise dos dados e na apuração das causas do ocorrido, em conjunto com a FAB e com os demais órgãos e instituições envolvidos na operação.
Demais informações serão divulgadas oportunamente, à medida que as avaliações avancem.