Recanto boêmio do Centro de São Luís passa por revitalização

O local será contemplado com um pacote de obras que abrange a Praça João Lisboa, Largo do Carmo e entorno.

Fonte: Redação/Agência São Luís

Situado no Centro de São Luís, o Abrigo da João Lisboa é considerado uma relíquia cultural da cidade. Recanto da boemia tradicional, foi inaugurado no ano de 1952, e reúne histórias de vários personagens que por ali passaram ao longo dos anos.

Abrigo da Praça João Lisboa passa por ampla reforma (Foto: A. Baeta)

Com 10 boxes funcionando como bares e lanchonetes, o Abrigo atravessou gerações, foi palco de inúmeros encontro entre músicos, jornalistas e figuras da área cultural, que tinha no local o ponto sagrado de todos os dias.

Nas proximidades, o tradicional ponto de táxis, sempre a postos para levar seus conhecidos clientes aos mais variados destinos da capital, seja durante o dia, noite ou madrugada, após mais uma sessão de copos e tira-gostos.

Com o tempo, veio a deteriorização, paredes descascadas e aspecto ultrajante. As pessoas foram se afastando, a cidade foi crescendo e o velho Abrigo se viu entregue à fúria do abandono.

“Eu tenho 67 anos, e lembro bem como o Abrigo era movimentado e cheio de vida. Meu pai vivia aqui, e eu acabei pegando esse costume, só que depois tudo foi se acabando. É uma pena”, relatou o farmacêutico aposentado Roberto Lopes, que abriu o sorriso ao saber do processo de revitalização: “Já era hora. O local merece”.

Fruto de uma parceria entre a Prefeitura de São Luís e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Abrigo será contemplado com um pacote de obras que abrange a Praça João Lisboa, Largo do Carmo e entorno, pontos importantes do Centro Histórico da capital.

Os serviços não pararam durante o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, mas seguiram todas as normas sanitárias para não atrasar o cronograma das obras, que incluem: recomposição do piso em frente à Igreja do Carmo, que foi todo retirado e está sendo substituído por um calçamento feito de granilite (pó de granito), o mesmo material utilizado na reforma do Complexo Deodoro. Além disso, estão sendo feitas a remoção dos bancos de madeira e de concreto (para restauração), retirada dos blocos de pedra portuguesa e construção da rampa de acesso para a Igreja do Carmo.

Largo do Carmo também passa pelo processo de reforma (Foto: A. Baeta)

Outra frente de trabalho tem como objetivo refazer os meios-fios e calçamentos das ruas ao entorno da praça. Ainda nesta semana será iniciada a retirada dos blocos de concreto e asfalto das ruas no perímetro do Largo, que terão pavimentação restaurada com paralelepípedos, para que retomem aos aspectos originais arquitetônicos.

Com as reformas no Centro, ocorrerá, também, uma readequação da parte viária, e os veículos terão um novo fluxo de trânsito, visando atender a requalificação da praça de forma total.

NOVO AMBIENTE

O projeto de reforma da Praça João Lisboa, Largo do Carmo e entorno contemplam um novo projeto paisagístico e mobiliário urbano, com bancos, lixeiras e abrigos, além de nova iluminação, que permite que os locais possam ser frequentados pela população também no período noturno. O antigo relógio do Largo do Carmo será restaurado, assim como a estátua em homenagem ao escritor João Lisboa, que fica na praça homônima. Os demais monumentos históricos dos logradouros também serão restaurados.

As obras de intervenção compreendem ainda a ampliação dos espaços para pedestres, com adequação total às normas de acessibilidade; a uniformização do pavimento das vias que serão em paralelepípedos; além de maior percepção da amplitude do espaço urbano e da riqueza do conjunto arquitetônico dos logradouros.

O projeto prevê também a criação de uma rampa de acesso entre o Largo e a Igreja do Carmo e o reordenamento do serviço de engraxate, para desenvolvimento da atividade tradicionalmente realizada há décadas no espaço. Todos os elementos vão compor os cerca de 12 mil metros quadrados de área restaurada. O abrigo do Largo do Carmo será mantido e restaurado para preservar as características arquitetônicas art dèco da marquise do prédio.

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