Na última quinta-feira (10), foi realizada a continuidade da audiência de instrução do processo contra o soldado da Polícia Militar do Maranhão, Carlos Eduardo Nunes Pereira, de 31 anos. O militar é acusado pelo crime de feminicídio, contra sua ex-mulher Bruna Lícia Fonseca Pereira; e de homicídio em desfavor de José Willian dos Santos Silva, amigo dela.
Desta vez, o soldado foi interrogado e confirmou ter sido o autor dos disparos que resultaram nas mortes das duas vítimas e, ainda, que a arma usada no crime era de sua propriedade. Carlos Eduardo preferiu usar o direito de permanecer em silêncio, quando foi questionado do pelo promotor de Justiça e pelo juiz sobre a motivação do crime e outros detalhes.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o motivo do crime foi a não aceitação do fim do relacionamento por parte do acusado Eduardo Nunes. A ação criminosa ocorreu dia 25 de janeiro de 2020, no apartamento onde a mulher morava, no bairro da Vicente Fialho, em São Luís.
A audiência, que começou às 11h40, foi presidida pelo juiz titular da 4ª Vara do Tribunal do Júri, José Ribamar Goulart Heluy Júnior, e contou com a atuação do promotor de Justiça Samaroni Maia na acusação. A defesa ficou sob a responsabilidade do advogado Adriano Wagner Araújo Cunha.
Na ocasião, além do acusado, que permanece preso no Quartel da Polícia Militar desde o dia do crime, também foi ouvida a última testemunha de defesa.
O juiz concedeu às partes o prazo sucessivo de cinco dias para o oferecimento das suas respectivas alegações finais. Só depois desse prazo, o magistrado dará uma decisão determinando se o acusado irá ou não a júri popular. A primeira audiência ocorreu no último dia 15 de julho e a segunda no dia 20 de agosto.
RELEMBRE O CASO
No dia 25 de janeiro deste ano, o policial militar Carlos Eduardo Nunes Pereira, de 31 anos, matou a tiros sua ex-mulher, Bruna Lícia Fonseca Pereira; e José Willian dos Santos Silva, colega de trabalho dela, com o qual a mulher supostamente mantinha um relacionamento amoroso. O crime foi cometido no apartamento dela, no Condomínio Pacífico I, no bairro Vicente Fialho, em São Luís.
A mulher foi atingida com dois tiros, sendo um no seio e outro no abdômen, enquanto José William levou cerca de quatro tiros. Segundo a Polícia Civil, pelo menos oito tiros foram efetuados pelo policial.
Em depoimento à polícia, o autor afirmou que foi ao apartamento para trocar de roupa após sair mais cedo do trabalho para ir ao aniversário do pai. No local, se deparou, inicialmente, com a presença de um rapaz na sala e logo em seguida com as vítimas despidas dentro do quarto. Ele relatou que os dois vieram para cima dele e então ocorreu uma luta corporal.
Durante a briga, diz se lembrar de ter escorregado e nesse momento sacado a pistola ponto 40 que estava no coldre da sua coxa direita. O PM efetuou os tiros, mas afirmou não saber em quem atirou primeiro. Ambos morreram na hora e depois do crime o militar contou ter pensado em cometer suicido, mas que desistiu ao pensar na família.
Com a chegada da polícia, Carlos Eduardo não se entregou e permaneceu no apartamento até que seu tio, que também é policial, e um primo advogado chegaram.
Em seguida, ele foi levado para a Superintendência Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), onde em depoimento, alegou que cometeu o delito ante uma suposta infidelidade, além de ter sido confrontado e agredido pelas vítimas. O Ministério Público apontou contradições no depoimento do acusado.