Tendo como alvo o Bicentenário da Independência (2022), o livro “Repensar o Brasil”, lançado na semana passada, tem por objetivo abrir o debate sobre desenvolvimento do país, traçando uma profunda análise da realidade brasileira. Reunindo qualidades teóricas e conceituais, os textos buscam analisar e apresentar soluções para os problemas socioeconômicos que assolam o país em uma crise multidimensional.
“O livro objetiva contribuir para o debate sobre desenvolvimento nacional a partir de abordagem interdisciplinar. Os diferentes capítulos analisam os problemas nacionais e propõe caminhos de superação com base na democracia, inclusão e sustentabilidade”, afirmou o historiador Jhonatan Almada, presidente Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas (CIEP).
“A economia, a história e a política estão em diálogo no livro para intervir propositivamente na realidade social”, completou.
Almada e o economista Luiz Fernando de Paula (UFRJ) e Elias Jabbour (UERJ) organizaram a obra. Reuniam artigos de intelectuais reconhecidos no cenário nacional, entre eles, Pedro Paulo Zaluth Bastos, Luiz Gonzaga Belluzzo, Jessé Souza e Barbara Fritz. O prefácio é de Carlos Siqueira, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), e a apresentação, do economista Paulo Gala (FGV-SP).
Entre os principais problemas nacionais, Jhonatan Almada afirmou que “o Brasil precisa enfrentar sua desindustrialização, a prevalência do rentismo, a aguda desigualdade social e a inserção internacional subordinada e dependente”. A grosso modo, o rentismo é um modo de vida de quem vive exclusivamente de rendas e rendimentos, sem produção de riqueza.
Segundo o historiador, tais problemas são empecilhos enormes para o desenvolvimento do país. “A possibilidade de um projeto nacional demanda democratizar o acesso aos serviços públicos, consolidar os investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação, bem como, priorizar a geração de emprego, trabalho e renda para nosso povo”, disse.
Em seu artigo no livro, Jhonatan Almada aborda a questão da educação pública. Para ele, a educação básica pública tem como principal desafio a qualidade da aprendizagem, sobretudo no ensino fundamental e no ensino médio.
“Temos ainda o problema de acesso à educação infantil, em especial a creche. Nossa escola pública hoje, com raras exceções, se constitui como verdadeira máquina de enganação, incapaz de produzir a democracia como desejava Anísio Teixeira”, afirmou o historiador.
“Só avançaremos quando nossas escolas forem de tempo integral com projeto pedagógico de educação integral. É assim no mundo desenvolvido há décadas, aqui precisamos permanentemente cobrar as autoridades públicas para que façam o óbvio”, disse ele.