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Manejo de pastagens

Entrevista com o engenheiro agrônomo Bruno Afonso Gottardi Engenheiro agrônomo formado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal. Realizou especialização em Produção de Ruminantes pela Esalq (Universidade de São Paulo) e em Manejo e Produção de Forragem pela Rehagro/Fazu. Atualmente é Coordenador de Pós-Graduação na Rehagro e coordena projetos em pecuária […]

Fonte: Scot Consultoria

Entrevista com o engenheiro agrônomo Bruno Afonso Gottardi

Engenheiro agrônomo formado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal. Realizou especialização em Produção de Ruminantes pela Esalq (Universidade de São Paulo) e em Manejo e Produção de Forragem pela Rehagro/Fazu. Atualmente é Coordenador de Pós-Graduação na Rehagro e coordena projetos em pecuária de corte.

Foto: Scot Consultoria

Scot Consultoria: Bruno, atualmente há uma tendência de marginalização das áreas de pastagens, posto que as áreas que apresentam bons níveis de fertilidade vêm sendo utilizadas para a produção de grãos. Dessa maneira, a tendência não seria um cenário mais caótico para os pecuaristas, visto que teriam que intensificar cada vez mais as áreas, para manter os níveis de produção? Você acredita que o manejo de pastagens pode ser o principal fator para o sucesso de maior produção em uma menor área?

Bruno Gottardi: Com certeza. O mercado já está selecionando, de forma bastante rápida, os produtores mais eficientes. Sabemos que grande parte da vida do bovino de corte é sob sistema de pastagens, dessa maneira é imprescindível sermos eficientes durante esta fase.

Com os custos de produção cada vez maiores, o caminho é aumentar a produção de forragem e a eficiência de colheita, para assim conseguirmos diluir nossos custos e termos a oportunidade de produzir uma arroba com melhor margem, garantindo competitividade para o sistema. Muitos profissionais já fazem trabalhos excelentes nesse sentido.

Scot Consultoria: Um bom sistema de manejo de pastagem, aliado a uma boa sanidade do animal garante um menor custo de produção, seja para corte ou leite. Hoje, o pecuarista brasileiro entende a necessidade de manejar corretamente a pastagem? Quais são os principais cuidados e entraves para um manejo eficiente dentro da propriedade?

Bruno Gottardi: Acredito que sim, apesar de termos ainda muito trabalho pela frente. Precisamos respeitar os limites das plantas, entender o momento certo de entrada e retirada dos animais nos piquetes. Entender a importância de investir em treinamento das pessoas que estão no dia a dia, conduzindo o sistema de produção, pois são eles os verdadeiros responsáveis do sucesso do sistema, e entender que o crescimento das plantas se dá de forma diferente, conforme a temperatura, disponibilidade hídrica, intensidade luminosa e fertilidade do solo. Assim, é impossível querer manejar os pastos com dias fixos. É preciso monitorar as áreas diariamente.

Scot Consultoria: Bruno, qual é sua recomendação para um pecuarista que entrou recentemente no ramo: pastejo contínuo ou rotacionado?

Bruno Gottardi: No primeiro momento, é importante entender o sistema, aprender como as plantas se comportam e a interação planta/solo/animal. Dessa maneira, começaria com um sistema que demandasse menos investimento e conforme a equipe da propriedade fosse amadurecendo, os investimentos começariam a acontecer de forma natural.

É perfeitamente possível trabalhar de forma eficiente, produtiva e lucrativa, com os dois sistemas, desde que entenda as diferenças entre eles. A medida que intensificamos nossas áreas, é preferível trabalhar com pastejo rotativo, uma vez que o manejo no dia a dia, na maioria das vezes, é mais fácil.

Scot Consultoria: Bruno, para o criador que está pensando no período de seca, o ideal seria a suplementação com proteinado de baixo consumo (0,1%/0,2% do PV) ou focar no sal mineral ureado? Qual é, em poucas palavras, a diferença dos animais que são suplementados com um e com outro?

Bruno Gottardi: Na maior parte dos casos, o ideal seria uma suplementação proteica de baixo consumo, quando comparado ao sal ureado. Além de fornecermos proteína via ureia, fornecemos também uma parte de proteína verdadeira vinda de farelos, a qual é demandada também pelos microrganismos ruminais, garantimos o consumo dos minerais e também dos aditivos ionóforos e não ionóforos que também fazem diferença.

De maneira geral, a diferença que se espera é de 100 a 150g de ganho médio diário a mais para os animais suplementados com proteinados de baixo consumo, desde que a suplementação seja feita de maneira correta.

Scot Consultoria: No sistema de cria, em linhas gerais, como o pecuarista pode pensar em seu manejo de pastagens? Focando mais na reposição uterina da fêmea, logo após o nascimento ou no escore corporal da vacada pré-estação de monta? Visto que, no cenário nacional, as matrizes que entrariam na estação de monta vêm de um período de pior qualidade e disponibilidade de forragem (seca).

Bruno Gottardi: De maneira geral, é importante o pecuarista se atentar que uma boa condição corporal no pré-parto é de fundamental importância. Para isso, é necessário ter uma estratégia bem definida de diferimento de algumas áreas de pastagens dentro da propriedade, para esses animais não sofrerem restrição.

Outro ponto importante é tentar sempre concentrar os partos no fim do período seco e começo da estação chuvosa, dessa forma, quando os animais atingirem o pico de lactação e a alta demanda nutricional, tenham boa oferta de forragem, para manter um bom escore pós-parto.

Além disso, selecionar as melhores áreas para animais mais exigentes, ou seja, os mais suscetíveis a perder condição corporal. Muitas vezes um bom trabalho de suplementação é fundamental para garantir o sucesso do sistema.

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