Recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre o uso indiscriminado de alguns medicamentos que podem ser adquiridos sem receita médica. Os analgésicos figuram na lista de preocupação da Agência, devido ao uso por pessoas que receberam a dose da vacina anti-covid-19 e manifestaram alguma reação, como dor de cabeça.
O alerta não é para proibir o uso do remédio, em casos de efeitos colaterais do imunizante, e sim serve para que a pessoa fique atenta à quantidade de comprimidos que está ingerindo, o intervalo de tempo entre eles e por quantos dias fará uso. Todo esse cuidado, na verdade, vem de uma preocupação que já persiste há algum tempo no Brasil: o aumento do número de pessoas tomando remédios excessivamente, inclusive os analgésicos.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, 77% dos brasileiros fazem uso de medicamentos sem orientação médica. Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas indicam que, por ano, 30 mil brasileiros são atendidos nas emergências com um quadro de intoxicação medicamentosa. A maioria destas ocorrências é por uma superdosagem de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.
A médica do Sistema Hapvida, Aparecida Quintanilha, reforça que os analgésicos devem ser consumidos apenas com o intuito de aliviar a dor até que se encontre o que a está provocando. “As dores são o sinal de alguma patologia. Dor de cabeça, por exemplo, pode ter várias origens e o analgésico deve ser consumido para aliviar esta dor, este sintoma, até que se tenha o diagnóstico”, reforça a clínico-geral.
“Nenhum medicamento deve ser usado de forma indiscriminada. É preciso respeitar o intervalo de tempo entre as doses (entre um comprimido e outro) e não se pode usar continuamente por vários dias”, explica Aparecida.
Ela lista vários danos ao organismo e que vão além da intoxicação medicamentosa. “A pessoa fica sujeita a uma alteração no funcionamento hepático, ou seja, ela pode prejudicar o fígado dela e desenvolver doenças”, alerta a médica.
As superdosagens também podem trazer danos aos rins, resultando em doenças renais. “O corpo da pessoa, que toma analgésico com muita frequência e de forma indevida, pode passar a ter resistência ao medicamento e eles não farão mais efeito no organismo daquele paciente”, completa.
Aparecida ainda orienta aos atletas de academia que não tomem analgésicos quando sentirem dores musculares decorrentes do treino. “O ideal é que estes atletas utilizem anti-inflamatórios utópicos, que são aqueles spray ou pomadas. Eles aliviam a dor e o atleta não perde o resultado do treino”, conclui a médica.