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Dados mostram retrocesso nos cuidados com a saúde da próstata

As consultas com urologista, em 2021, continuam baixas. Até julho, foram realizadas 1.812.982 consultas

Fonte: Adriana Veronez

Todos os anos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) de São Paulo promove campanha de conscientização para minimizar os efeitos e impactos na saúde, além de trazer conhecimento e incentivo para que o homem, em especial, busque o urologista e zele pelo seu bem-estar físico e emocional, seguindo o exemplo das mulheres que procuram com regularidade o ginecologista.

Para este mês a campanha “Novembro Azul” – movimento já conhecido para o cuidado do homem, sobretudo com relação ao câncer de próstata, alerta em um momento importante já que, com a pandemia do coronavírus, infelizmente, muitas pessoas deixaram os exames de rotina de lado, postergaram o diagnóstico e até mesmo tratamentos, favorecendo o aparecimento de casos da doença em estágios mais avançados.

Dados do Ministério da Saúde, obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), revelam redução expressiva de 21,5% das cirurgias para retirada da próstata por câncer em comparação entre 2019 e 2020. O número de consultas urológicas pelo SUS também caiu 33,5%. E as internações de pacientes com o diagnóstico da doença tiveram queda de 15,7%

Já as consultas com urologista, em 2021, continuam baixas. Até julho, foram realizadas 1.812.982 consultas. Em 2019, cerca de 4.232.293 e, em 2020, totalizaram 2.816.326.

“O câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem, excluindo-se o câncer de pele não melanoma. Este tipo de tumor da próstata não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, e até 90% dos casos podem ser curados se diagnosticados precocemente”, alerta o médico Dr. Geraldo Faria, presidente da SBU-SP.

Em alguns Estados, a queda do exame de biópsia da próstata entre 2019 e 2020 foi bastante representativa: Acre (90%), Mato Grosso (69%) e Rio Grande do Norte (50%). Rio de Janeiro teve um declínio de 39% e Minas Gerais 31%. São Paulo e Distrito Federal tiveram baixo impacto, na ordem de 6% e 7%, respectivamente. Já em relação ao exame de PSA, Paraíba teve uma queda de 50%, Pernambuco, 37%, Distrito Federal, 34%, Rio de Janeiro, 30% e São Paulo, 29%.

No Brasil, de acordo com o INCA – Instituto Nacional de Câncer, são esperados 65.840 novos casos para 2021, porém muitos sequer foram diagnosticados. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), também obtidos pela SBU, mostram que a mortalidade por câncer de próstata aumentou cerca de 10% em cinco anos, subindo de 14.542 (2015) para 16.033 (2019).

O câncer de próstata

A próstata fica localizada abaixo da bexiga e por dentro dela passa o canal da uretra, por onde a urina vai da bexiga para o meio externo. Por isso, a SBU ressalta todos os anos a necessidade de ir ao médico para verificar a saúde da glândula. Ao apresentar sintomas, o câncer já está numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.

Os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença são:

– Histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio;

– Homens da raça negra;

– Obesidade.

Tratamentos

Novas formas de tratamento têm surgido nos últimos anos, como as terapias focais e a imunoterapia, ampliando a possibilidade de tratar os pacientes de uma forma mais individualizada. A cirurgia e a radioterapia continuam a ser tratamentos eficazes para homens com câncer mais significativo e sem sinais de disseminação da doença. A remoção cirúrgica da glândula sofreu um grande avanço com a introdução das técnicas menos invasivas como a laparoscopia e a prostatectomia radical robótica. Esses procedimentos resultam em uma hospitalização mais curta e recuperação clínica mais rápida dos pacientes. Complicações pós-operatórias e sequelas como incontinência urinária e disfunção erétil tem sido menores quando os pacientes são operados com essas técnicas.

“A radioterapia também passou por avanços tecnológicos com a introdução de softwares computadorizados que permitem que os feixes de radiação sejam direcionados com maior precisão, reduzindo a agressão para os órgãos adjacentes como a bexiga e o intestino. Desta forma doses mais elevadas de radiação podem ser administradas à próstata resultando em um melhor controle do câncer. Com a intenção de reduzir as complicações relacionadas aos procedimentos mais agressivos, o tratamento focal dos tumores com crioterapia, ultrassom de alta intensidade (HiFu), ablação a laser, braquiterapia e outras formas de energia tem sido cada vez mais utilizadas no controle da doença”, sinaliza Faria.

Também nos últimos anos grandes avanços foram incorporados ao tratamento dos pacientes em que o câncer já extrapolou os limites da glândula acometendo os ossos e outros órgãos. A quimioterapia com a medicação docetaxel e as novas drogas orais como a abiraterona e a enzalutamida mostraram-se eficazes em retardar a progressão da doença e melhoraram a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes.

A terapia multimodal, a imunoterapia e a medicina de precisão podem surgir como avanços futuros na abordagem da doença permitindo que os médicos possam direcionar o tratamento de forma individualizada, respeitando a preferência do paciente.

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