Muito se fala dos potenciais do 5G, mas o Brasil não vai garantir inclusão digital e competitividade para a indústria nacional, se não tiver infraestrutura adequada e profissionais preparados para as inovações.
A tecnologia foi tema de uma live, realizada, recentemente, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para debater os impactos e os condicionantes para a nova geração de rede móvel.
“O 5G terá impacto significativo, não só pela estabilidade da conexão, mas pelo potencial de uso. Só que temos uma preocupação em relação às leis municipais, que precisam ser atualizadas, uma vez que vai exigir grande número de antenas”, ressaltou Glauco Côrte, presidente em exercício da CNI.
No Maranhão, a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), por meio dos Conselhos Temáticos de Infraestrutura, Pequenas e Médias Empresas, Assuntos Legislativos e Meio Ambiente, já vem atuando nessa direção, e tem realizado reuniões com a Prefeitura de São Luís para debater o tema.
Vale ressaltar que a Prefeitura de São Luís já tem uma minuta de projeto de lei que deve ser apresentada para a Câmara Municipal. A discussão entre a iniciativa privada no âmbito municipal abordou uma minuta do projeto de lei da telefonia móvel, que promete viabilizar a tecnologia da quinta geração de internet móvel, 5G, na capital maranhense.
“A tecnologia do 5G vai impactar todo setor industrial, assim como as instituições de qualificação profissional, como o SENAI, que já está se adequando para formar mão de obra nesse setor, dando oportunidade aos trabalhadores maranhenses de também atuarem nas novas profissões que vão surgir. Como representantes do setor industrial, estamos engajados desde o início nesse processo, alinhando com o poder público a legislação para implantação dessa tecnologia em São Luís”, ressaltou o presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves.
A quinta geração de internet móvel já funciona em partes dos EUA e do Reino Unido e em países como a Coréia do Sul. As redes 5G, assim como as tecnologias móveis anteriores, dependem de sinais transportados por ondas de rádio, transmitidas entre uma antena e o seu telefone celular.
Nacionalmente, para auxiliar as prefeituras e câmaras de vereadores, o Movimento Antene-se oferece um modelo de projeto de lei municipal criado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelos ministérios da Economia e das Comunicações. Atualmente, 19 municípios e o Distrito Federal têm leis atualizadas que desburocratizam a instalação das antenas. No âmbito estadual, Rio de Janeiro e Mato Grosso alteraram a legislação sobre o tema.
Porta-voz do Movimento e presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), Luciano Stutz explicou que as regras dos outros 5.550 municípios são inatingíveis e inviabilizam as estruturas.
“Nossa preocupação é conseguir atualizar a legislação das capitais primeiro, depois das cidades com mais de 500 mil habitantes e assim em diante. O edital de 5G da Anatel ainda prevê a inclusão de pessoas que estão sem conectividade com 4G, em regiões que não estão cobertas. Para, por exemplo, garantir aulas on-line das crianças e serviços digitais do governo”, justificou Stutz.
Da democratização do acesso a serviços e à educação à viabilização de carros autônomos e cidades inteligentes, o 5G terá aplicações inimagináveis. Fabio Andrade, vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, listou os pilares da quinta geração de rede móvel: latência, velocidade, interação e confiança no sistema. “Não sabemos tudo que seremos capazes de fazer com 5G, mas aos poucos vamos descobrindo”.
Diretora da Febraban e moderadora do debate, Mona Dorf foi além: “Teremos cidades inteligentes, carros autônomos, geladeiras que mapeiam o que comprar, telemedicina. Tudo isso será possível em um futuro próximo. A revolução do 5G é maior do que a gente imagina e vai impactar todos os setores”. Na corrida por soluções tecnológicas, um setor que saiu na frente e hoje está na vanguarda mundial é o bancário.
“Temos um dos melhores sistemas bancários do mundo, fomos os primeiros a colocar chip no cartão de crédito, utilizamos biometria, lançamos o PIX, que é um programa de inclusão financeira. Historicamente, o setor investe R$ 20 bilhões por ano, sendo que, no ano passado, foram R$ 25 bilhões e devemos permanecer nesse patamar nos próximos anos”, antecipou Leandro Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban.
Rede privada será importante para garantir segurança e competitividade – Para a indústria 4.0, que também tem provocado uma transformação, da cadeia produtiva às entregas, a CNI tem defendido outro pleito, como detalhou Glauco Côrte no debate: “Precisamos de um espectro do 5G para o setor industrial, para que ele possa aproveitar ao máximo as potencialidades e ter mais competitividade. E que os custos sejam compatíveis com nossos concorrentes internacionais”.