Um olhar panorâmico sobre bens culturais e naturais do bairro da Liberdade, em São Luís

Exposição reúne fotos de 19 jovens, do cotidiano do maior quilombo urbano da América Latina.

Fonte: Luciene Vieira

Por meio de imagens, graças à exposição “Retratos da Terra”, o público da região metropolitana de São Luís tem a oportunidade de conhecer e admirar os bens culturais e naturais mais marcantes do maior quilombo urbano da América Latina, endereçado no bairro da Liberdade, na capital do Maranhão.

A mostra foi aberta no dia 4 deste mês, e permanecerá até o dia 4 de setembro, na praça de Alimentação do São Luís Shopping, no bairro do Jaracati. As fotos que fazem parte do evento são de 19 jovens moradores da Liberdade.

A exposição é o resultado de um curso de fotografia oferecido pelo projeto Retratos da Terra. Foi oferecida oficina de formação técnica em fotografia por Meireles Jr. e Karina Bacci, durante duas semanas.

Karina é professora do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Ela integra também o Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação (GMEPAE) do departamento de artes plásticas da ECAUSP.

“A exposição é o resultado do curso de fotografia, que incentiva os participantes a observarem seu entorno e refletirem sobre sua comunidade. Para isso, conversamos sobre o potencial da fotografia como linguagem e ensinamos as técnicas para que as usem como um meio para suas intenções”, informou Karina.

SEGUNDA EXPOSIÇÃO DO PROJETO EM SÃO LUÍS

O projeto Retratos da Terra já recebeu outros nomes e formatos. Em 2019, houve uma mostra fotográfica com moradores da área rural da capital maranhense. No Brasil, ele já atua desde 2014, com 1.500 participantes, em 53 cidades.

As exposições são patrocinadas pela Alcoa. No caso desta atual mostra, ela teve o apoio do Conselho Cultural e Comunitário da Liberdade, cuja apresentação é iniciativa da Elo 3.

Depois que sair do São Luís Shopping, segundo Karina Bacci, as fotos serão doadas ao Conselho, para serem expostas em um centro cultural da Liberdade.

Já a Elo é uma instituição, aliada à iniciativa privada, que há 18 anos faz produções culturais engajadas na democratização do acesso à arte. Ela oferece à sociedade projetos questionadores, inovadores e transformadores, como um trabalho intitulado de Mostra 3M de Arte.

AULAS

Em relação à metodologia do curso, Karina informou que as aulas partem de referências fotográficas. “Também analisamos aspectos dessa linguagem como composição, enquadramento, luz e por fim ensinamos sobre as técnicas. Eu início o projeto, e um fotógrafo local convidado dá continuidade às aulas compartilhando seus conhecimentos na área. Em São Luís, tivemos o prazer de ter conosco o fotógrafo Meireles Júnior”, declarou.

BOA SUPRESA

Karina revelou que o fato de os jovens terem feito fotos num lugar onde eles já morar tornou-se um estímulo para uma boa surpresa. “Eles caminhavam e abriam as portas dos lugares que frequentam. Assim tivemos acesso às sedes e confecção do vestuário do Bumba meu boi, conhecemos mais sobre os terreiros, sobre a origem do bairro, passamos pela área de manguezal onde muitos deles se banham. Foi uma experiência enriquecedora de reconhecimento e de partilha entre eles. Ao abrir a exposição pudemos ver pessoas da região que se sentiram representadas ali. Além do bairro, também fomos ao Centro Histórico, ao Bumba meu boi do Maracanã, ao sítio Piranhenga e ao parque ambiental da Alumar”, concluiu a fotógrafa.

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