O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Maranhão (Senai-MA) desenvolveu projeto de verticalização da cadeia do abacaxi Turiaçu, a partir de estudos de mercado, da viabilidade técnica e com uma visão de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Sucos, polpas, compotas, doces, fruto desidratado, bombons, abacaxi-passa, entre outros são os produtos que teriam a fruta como matéria prima.
Com a verticalização da cadeia do abacaxi, as empresas que vierem a atuar no ramo serão responsáveis desde a produção da matéria-prima – neste caso o cultivo do fruto – até a fabricação, comercialização e distribuição dos produtos no mercado.
O diretor regional do Senai, Raimundo Arruda, explicou que o trabalho realizado em parceria com a Prefeitura de Turiaçu tem como essência a economia verde, o desenvolvimento sustentável que gera emprego e renda, e traz dignidade humana para que as pessoas se mantenham produtivas no local onde vivem.
“O que o Senai está desenvolvendo no município de Turiaçu é o empreendedorismo verde, com inovação e sustentabilidade. Com a verticalização da cadeia do abacaxi Turiaçu vamos agregar valor à produção e criar um ambiente propício para que startups, empresas familiares ou individuais e cooperativas façam o beneficiamento e comercialização dos produtos fabricados a partir do abacaxi e não apenas vendam o fruto in natura”, resumiu Arruda.
Pesquisa
Para chegar aos produtos, foi pesquisado o que é produzido dentro do estado e em outras regiões, com o abacaxi e outras frutas. A polpa produzida do abacaxi de Turiaçu, por exemplo, não precisa de adição de água, como comumente ocorre no mercado para outros cultivares. Já a compota não tem necessidade de adicionar açúcar porque o abacaxi Turiaçu tem baixa acidez, o que o diferente de outras espécies mais conhecidas no mercado nacional. Essa característica reduz os custos de produção.
“Desenvolvemos produtos novos como o branqueado de abacaxi, uma bebida semelhante à cajuína. Fizemos uma geleia de abacaxi que leva pimenta macaco, um tipo de planta PANC (Planta Alimentícia Não- Convencional), que deixa um leve tremor na boca e pode ser consumida em maior quantidade porque não queima. Fizemos ainda passa de abacaxi, que pode ser adicionada ao panetone, por exemplo”, enumerou Marcos Aurélio Cruz, que, juntamente com a instrutora de Alimentos e Bebidas do Senai Nathaliene Camara, participou da criação dos produtos.
Além desses produtos foram criados o concentrado de abacaxi, que resulta em cinco litros de suco sem a necessidade de açúcar; abacaxi desidratado que pode ser processado no liquidificar e virar suco; licores, caldas para sorvete e pirulito de tabuleiro, farinha para misturas prontas de bolos, entre outros. Tudo do abacaxi – incluindo a casca e a coroa – pode ser aproveitado.
“O fruto pode ser quase 100% aproveitado no processo de industrialização. Além dos produtos alimentícios, todo resíduo gerado no processo pode ser beneficiado e transformado em papel, papelão e embalagens’, frisou Cruz.
Variedade
Estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dão conta de que o abacaxi Turiaçu é cultivado na região Amazônica, especialmente no Maranhão e no Amazonas. Diferente de outras, a variedade Turiaçu se destaca pela qualidade do fruto, que tem baixa acidez e muita aceitação no mercado. Com isso, os preços praticados pelos produtores também são mais elevados.
O mesmo trabalho realizado com o abacaxi pode ser feito com outras frutas, como banana, jaca, manga e abacate. No caso do abacaxi Turiaçu, melhorias podem ser feitas também no cultivo do fruto. Apesar do potencial econômico já demonstrado, o abacaxi Turiaçu ainda é cultivado com baixa tecnologia. Com trabalho de melhoramento genético, é possível obter maiores ganhos de qualidade e produtividade. Algumas pesquisas passam pela indução floral e seleção de clones de abacaxizeiro de alta qualidade. Daí porque o trabalho de verticalização do abacaxi requer outros parceiros, como a Embrapa; Sebrae e governo estadual.