Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Argentina, Alberto Fernandéz, anunciaram que estão empenhados em avançar nas “discussões sobre uma moeda comum sul-americana”. O plano foi mencionado em um artigo, assinado pelos dois chefes de Estado, publicado neste domingo pela revista argentina Perfil.
O petista chegou a Buenos Aires na noite desse domingo, 22, em sua primeira viagem internacional desde que voltou ao Palácio do Planalto. A prioridade de Lula é retomar a relação bilateral entre os dois países.
“Decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, diz o texto veiculado na periódica.
Acompanhando Lula na viagem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que já tratou sobre o assunto com a sua contraparte, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. Ele afirmou que ambos estão buscando alternativas para incentivar o comércio naquele país.
“A gente está quebrando a cabeça pra encontrar uma solução, algo em comum que permita incrementar o comércio. A Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil, e a nossa exportação pra cá está caindo”, explicou Haddad, pouco depois de desembarcar em Buenos Aires.
Integrantes do governo brasileiro ponderam, no entanto, que se trata de algo embrionário. Afirmam que a discussão sobre a uma possível moeda comum vai se iniciar durante o encontro bilateral entre Lula e Fernandez, marcado para segunda-feira, na Casa Rosada, sede do governo daquele país.
Auxiliares de Lula explicam, na condição de anonimato, que o debate gira em torno da criação de mecanismos facilitadores para a troca comercial entre os países. Na avaliação dos integrantes do governo brasileiro, a Argentina tem maior interesse na criação de uma moeda em comum para fortalecer a própria economia.
Os argentinos convivem com um cenário de instabilidade política e econômica. No ano passado, o país registrou uma inflação anual de 94,8%, a maior em 32 anos.