O aumento dos preços de itens básicos pesou ainda mais para as famílias nordestinas nos últimos três anos, mostra estudo do FGV IBRE. A inflação nos lares dessa região, que vivem com até 1,5 salário mínimo por mês, beirou 7% entre dezembro de 2020 e março de 2023. Enquanto nas demais regiões brasileiras, ficou entre 5% e 6%, na média do período.
Fatores como hábitos de consumo, impostos, frete e clima ajudam a explicar a disparidade com relação aos preços praticados ao consumidor a depender da região.
O estudo mostra que, desde o início da pandemia, alimentos básicos e moradia ficaram ainda mais caros para as famílias de baixa renda no Nordeste do que para a média dessa parcela brasileira. Alimentos, serviços de educação e transportes também custaram mais para famílias nordestinas de renda mais alta, em comparação com a média deste grupo, considerando as demais regiões.
Os dados fazem parte do novo índice de inflação regional, o Índice de Preços ao Consumidor Regional (IPC-Regional), do FGV IBRE. O instituto lançará ainda neste primeiro semestre um Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, com sede em Fortaleza.
Orçamento comprometido com o básico
É um consenso de que as famílias de baixa renda comprometem uma fatia maior do orçamento com despesas básicas, em comparação com as de alta renda, que tendem a gastar mais com serviços. Mas o estudo do FGV IBRE aponta também uma disparidade regional.
Famílias de baixa renda que residem na região Nordeste comprometem uma parte ainda maior de seus recursos com despesas básicas, em comparação com as demais regiões, aponta a pesquisa.
Elas chegam a gastar um terço do seu orçamento (30,65%) com a compra de alimentos – enquanto a média nacional é de 23,41%. Elas também gastam mais com saúde, educação e transportes, ao passo em que as famílias de maior renda nessa região despendem mais para habitação e serviços de comunicação, como TV e telefonia.
Novo índice de inflação regional
O Índice de Preços ao Consumidor Regional, do FGV IBRE, foi desenvolvido a partir do aumento médio dos preços observados nas principais capitais das cinco grandes regiões do país. O indicador vai estimar a inflação de cada região para famílias de baixa renda (até 1,5 salário-mínimo mensal) e para famílias de alta renda (acima de 11,5 salários-mínimos mensais).