A empresária e fisioterapeuta Francisca Danielly Mesquita Medeiros foi indiciada pela Polícia Civil do Piauí por acusação de manter uma maranhense em condições análogas à escravidão, cárcere privado e maus-tratos, por 15 anos, no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina.
Janaína dos Santos Ferreira, de 27 anos, é natural de Chapadinha, e é prima de segundo grau e afilhada da acusada de 38 anos. Danielly disputou uma vaga de deputada federal nas eleições de 2018 e em 2020, além de ter concorrido à Câmara dos Vereadores de Teresina nas eleições de 2020.
De acordo com o delegado Odilo Sena, Francisca Danielly se utilizou da ingenuidade dos pais da vítima para tirá-la de casa e levá-la ao Piauí.
O delegado ainda afirmou que a mulher vivia desde os 12 anos de idade em condições degradantes. “Recebemos a denúncia através de uma pessoa próxima à vítima, abrimos o inquérito policial e iniciamos as investigações que chegaram a este caso estarrecedor. Essa jovem desde os 12 anos de idade vivia em cárcere privado, sendo obrigada a realizar todas as tarefas domésticas, onde a dona da casa a mantinha sob constantes ameaças, além das torturas físicas e psicológicas”, disse.
Janaína trabalhava manhã, tarde, noite e até de madrugada, sem direito a sair e não ganhava salário, conforme o inquérito.
“Foram 15 anos de intenso sofrimento. Felizmente, essa situação vai acabar agora e Francisca Danielly vai responder por tortura física e psicológica, redução à condição análoga de escravo e também cárcere privado”, acrescentou o delegado.
Durante depoimento, a vítima relatou que foram pouquíssimas as vezes que tinha autorização para sair de casa. Ela também era proibida de frequentar a escola. Na residência, além dos trabalhos domésticos, também era a responsável pelos cuidados do filho da acusada, que é autista.
Natural da zona rural do município de Chapadinha, do Maranhão, Janaína veio para Teresina com a promessa de uma vida melhor. A família já havia tentado outros meios de resgatá-la, mas sem sucesso.
“Os pais da vítima são de baixa renda e possuem poucas instruções. A acusada, que é prima de 2º grau da jovem, a trouxe para capital e, posteriormente, passou a esconder informações sobre o paradeiro da moça”, completou Odilo.