Acaba de ser iniciado experimento de grande importância para o desenvolvimento da agricultura sustentável na região de Codó-MA. Embrapa Cocais, Embrapa Meio-Note e Instituto Federal do Maranhão de Codó irão avaliar seis variedades de milho híbrido e coboclo cultivado com dois tipos de compostos orgânicos produzidos a partir de resíduos de capim e da indústria do açaí. O diferencial é a irrigação das plantas com água proveniente de poços e água residual gerada pela criação de peixes no tanque do Sisteminha.
O principal objetivo desse estudo é analisar e comparar a produção de espigas de milho verde pelas famílias carentes que adotam o Sisteminha. Durante o experimento, serão identificadas as melhores práticas de produção para que as famílias comparem os resultados obtidos em cada situação. “A análise será realizada por professores, alunos, técnicos e auxiliares do IFMA com a participação de técnicos e pesquisadores da Embrapa Cocais. Com recursos como galinheiro de postura, criação de frango de corte, piscicultura, compostagem, minhocultura e apicultura com abelhas nativas, essa iniciativa se torna um laboratório vivo para a formação dos alunos e capacitação da população das comunidades do entorno”, garante o pesquisador Luiz Carlos Guilherme. Também da Embrapa Cocais participa o pesquisador Carlos Freitas com a pesquisa sobre uso do açaí. O pesquisador Ricardo Montalván, da Embrapa Meio-Norte, contribui com sua expertise em melhoramento genético de plantas.
Para a professora Maria Christina Castro, o experimento marca um passo significativo para o avanço da agricultura sustentável na região, uma vez que busca soluções inovadoras e integradas a serem aplicadas de forma prática pelos agricultores familiares. “O IFMA Codó está comprometido em promover o desenvolvimento sustentável e contribuir para o fortalecimento das comunidades rurais por meio da disseminação do conhecimento e adoção de práticas agrícolas mais eficientes e ecologicamente corretas”.
Os recursos são provenientes do IFMA e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Sobre o Sisteminha – A tecnologia social é apropriada para produzir alimentos em pequenos espaços, em áreas urbanas e rurais, para atender às necessidades nutricionais de uma família de quatro a cinco pessoas, de acordo com as recomendações nutricionais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em um quintal de tamanho entre 100 e 1,5 mil metros quadrados, o Sisteminha expressa toda sua versatilidade, sendo possível a produção de peixes, ovos e carne de galinhas e codornas, suínos, porquinhos-da-índia, grãos, legumes, frutas, hortaliças, húmus de minhoca e composto orgânico, entre outros. A plantação é escalonada, ou seja, o plantio é feito aos poucos; assim a colheita é gradual, para não faltar nem sobrar muitos alimentos. Em cada fase, algo é acrescentado. Além de garantir a alimentação básica às famílias, possibilita também a geração de renda, pela comercialização do excedente da produção. Toda a implantação do projeto é voltada para a redução de custos e seguindo modelo agrícola sustentável.
O Sisteminha utiliza a piscicultura intensiva praticada em pequenos tanques construídos com materiais diversos, como papelão, argila e plástico. O tanque para a produção de peixes (tilápias) tem capacidade de 8 mil a 10 mil litros de água e capacidade de produzir entre 100 e 120 quilos de tilápia em três ciclos por ano. Ao fim de cada ciclo, os peixes chegam a pesar entre 200 e 300 gramas. A partir da recirculação dos nutrientes provenientes do tanque de peixes, é possível obter um sistema de produção integrado de frutas e hortaliças – irrigados com efluentes e resíduos sólidos gerados do tanque –, aves e pequenos animais, que beneficia todos os módulos do sistema, organizados de acordo com a disponibilidade e interesse do produtor.
Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais