Apesar do futebol brasileiro ainda estar no meio da temporada de 2023, o início do mês de julho representa não só o início de uma nova época em outros polos, como a Europa, mas também para uma nova era de regras no futebol. Desde o dia 1º, entraram em vigor uma série de mudanças no regulamento do esporte feitas pela International Football Association Board (IFAB). Essas regras englobam a arbitragem e várias situações de jogo, como impedimentos, faltas e comportamento dos jogadores.
Uma das novas orientações mais famosas, e que já foi, inclusive, adotada pela CBF, é a que restringe as provocações dos goleiros em uma penalidade máxima. Apelidada de “regra Dibu Martínez”, ela tem como objetivo evitar distrações aos batedores. O goleiro campeão da Copa do Mundo de 2022 com a Argentina, que dá nome à norma, foi tema de debate na virada de ano por seu jeito irreverente debaixo das traves, resultando na modificação citada, que veio junto a várias outras.
Para situar o torcedor sobre as novas regulamentações do futebol, o Estadão relembra quais foram as outras mudanças feitas pela IFAB para além dos pênaltis e como elas se aplicam em situações de jogo.
Flexibilização da ‘invasão’ de campo
No caso de sair um gol com alguma pessoa no campo que não faça parte dos 22 atletas em jogo, o lance deve ser revisado e determinado se ela teve influência. Esta norma engloba diversos cenários e pode ser interpretada como forma de evitar quaisquer interferências externas.
Os árbitros são agora orientados a anular um gol neste caso se um reserva, jogador substituído ou impedido de entrar no campo da equipe marcadora ter sido determinante na jogada. A regra também vale para integrantes da estafe do clube. Desta maneira, o jogo seria reiniciado com um tiro livre direto da posição de onde a pessoa extra estava.
Se a interferência vier de um agente externo, como um delegado de federação, por exemplo, a partida é reiniciada com bola ao chão. Agora, se a influência tiver sido de qualquer membro do time que levou o gol, ele deve ser validado.
Logicamente, se a invasão for de um torcedor, o jogo é interrompido, já que a flexibilização vale para participantes do evento em si. Em suma, é uma forma de restringir menos a presença de jogadores reservas e treinadores no gramado, mesmo que seja em alguns centímetros. Anteriormente, era sumariamente proibida, mas era comum ver acontecer em momentos tensos, principalmente em acréscimos.
Mais árbitros
Com a intenção de ter mais opiniões em campo e assegurar que não haja desfalques, as federações agora poderão nomear mais árbitros para fazerem parte das equipes responsáveis pelo jogo. Agora, serão permitidos árbitros assistentes reservas e árbitros assistentes adicionais, que poderão auxiliá-los de forma horizontal, da mesma maneira que os titulares.
O texto retificado pela IFAB deixa claro que esses assistentes poderão participar das decisões. Além de uma margem de segurança de pessoal para o caso de algum árbitro não poder continuar, a distribuição de funções pode trazer novas visões a respeito da discussão e entendimento de um lance. A grande questão é se isso não pode demorar ainda mais a tomada de decisão em campo, visto que, atualmente, o VAR já leva muito tempo em determinados momentos.
Acréscimos a mais por comemorações de gols
A duração do jogo também é um motivo de preocupação para a IFAB, por isso, novas regras para deixá-lo mais corrido foram pensadas; uma delas é a adição de acréscimos para comemorações de gols prolongadas.
Atualmente, o árbitro pode estender os descontos finais por causa de substituições, revisões de gols, atendimento médico e outras diversas situações. Agora, se uma equipe festejar um gol por tempo demasiado, poderão ser acrescentados minutos a mais após os 45 regulamentares. Por não ser uma norma “exata”, como o impedimento, dependerá da interpretação do árbitro.
Impedimento
Apesar da regra de fora de jogo não ser opinativa, a decorrência de um lance que resulta no mesmo muitas vezes é. Pensando nisso, a IFAB especificou situações que não caracterizam mais impedimento, classificadas como “atitude deliberada”. Além das mais óbvias, como na interceptação de um passe ou corte errado, também foram destacados os seguintes cenários.
Se a bola não estava se movendo rápido, estando sob controle de um jogador que a desviou.
Se o jogador teve tempo para coordenar seus movimentos ao desviar a bola e ela sobrar para um adversário.
Ou seja, tudo dependerá se o lance estava à feição do último jogador que a desviou. Em uma situação de jogo, se o armador der um passe para um companheiro em condição legal, mas, no momento em que ela tocou em um defensor, ele estava em posição de fora de jogo, agora são consideradas essas nuances. Se houve tempo para “se preparar” para a interceptação, o recebedor estará em condições legais.