Sem acordo, motoristas de aplicativos ameaçam fazer greve em todo o Brasil

Negociações abordam ganhos mínimos, indenização pelo uso dos veículos, previdência e saúde.

Fonte: Com informações do Brasil 61

Os motoristas de aplicativos ameaçam fazer uma greve nacional, caso a categoria não consiga um acordo, em meio a um complexo contexto de discussões sobre a regulamentação das empresas responsáveis pelo setor. Os representantes dos trabalhadores vão aguardar até 12 de setembro a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e o Movimento Inovação Digital (MID), que representam empresas como Amazon, Ifood, Uber, Rappi e 99 apresentarem uma contraproposta para a remuneração mínima.

Sem acordo, motoristas de aplicativos ameaçam fazer greve em todo o Brasil (Foto: Reprodução)

Nicolas Souza Santos, da Associação dos motoboys, motogirls e entregadores de Juiz de Fora e integrante da Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativo (Anea), participa desde o início do Grupo de Trabalho criado pelo governo federal para debater o assunto. Ele disse que a proposta apresentada pelas empresas, no último encontro, não atende a categoria e afirma que a greve acontecerá, caso a situação não se resolva.

“A ideia da greve é conseguir envolver, mobilizar o restante da sociedade num debate que não é somente dos entregadores por aplicativos. É importante deixar claro que esse vai ser um breque que abrange todas as bases sindicais, cooperativas, associações, todas as organizações de trabalhadores que vieram construindo essa pauta e essa luta ao longo desses anos”, explica.

Como representante dos trabalhadores, Nicolas Souza disse que trabalha desde 2019 por aplicativo e reforça que tem preocupação com o futuro da categoria. Para ele, ainda não existe um diálogo que atenda as demandas.

“Nessa reunião do GT, agora, a gente estava esperando uma proposta mais robusta das empresas. Infelizmente ficamos decepcionados com o que aconteceu. Eles aumentaram alguns centavos relacionado à proposta anterior e ainda inventaram um conceito de ‘Hora Efetivamente Trabalhada’, que a gente não concorda”, frisou.

A pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) mostra que já são mais de 1,6 milhão de pessoas trabalhando como entregadores ou motoristas de aplicativos no Brasil.

As negociações abordam ganhos mínimos, indenização pelo uso dos veículos, previdência, saúde dos trabalhadores e transparência algorítmica. As associações que representam as empresas do setor apresentaram novas propostas sobre os temas, mas foram rejeitadas pelos trabalhadores.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) propõe que seja adotado R$ 21,22 como valor mínimo por hora trabalhada no âmbito do transporte privado individual de passageiros, o que equivale a 354% do salário mínimo nacional vigente. Na proposta anterior, o valor era de R$ 15,60 (262% do salário mínimo).

No âmbito do delivery, o novo valor é de R$ 12,00 por hora efetiva e comprovadamente trabalhada pelo modal motocicleta, o que equivale a 200% do salário mínimo

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